30 de abr. de 2009

VISÃO DISTORCIDA*

prefiro
ficar no escuro
prefiro
ficar calado
prefiro
ver o mundo
da janela
do meu pequeno
apartamento
de periferia
não posso mais sair
minha visão distorcida
de tudo
não me deixa mais
saber
o que é verdade
e o que é sonho
prefiro ficar
sozinho
entre os meus papéis
e minhas canetas
que não escrevem mais
prefiro ficar só
eu e minha visão distorcida
da realidade
do mundo

ANDORINHAS DE PAPEL*

peguei
nos meus papéis
rabiscados
um desenho
que minha filha
fez para mim
era um desenho simples
duas andorinhas
voando lado a lado
uma chamava
papai e a outra robertha
eu fiquei ali por instantes
olhando aquele desenho
que deveria ter
mais de anos
andorinhas de papel
coloridas
coisa de crianças
que amam de verdade
inocentes
não querem nada em troca
apenas amar
e dar amor
não vejo mais andorinhas voando
nem a mesma inocência
das crianças e
suas andorinhas de papel

CADEADOS NO CHÃO*

deixei
os cadeados
no chão
abri as portas
que sempre
ficaram fechadas
deixei
o vento varrer
a poeira
acendi
as luzes
e apaguei as velas
e os incensos
deixei
os cadeados no chão
não há
mais necessidade
de trancas
nem de cadeados
pintei as paredes
de branco
tirei
o lençol da cama
mudei os móveis de lugar
para poder recomeçar
de onde parei

ALMAS PERDIDAS*

tem quem prefira
ficar sozinho
largado
sem amor
almas perdidas
que ficam
vagando
eu vejo
e penso
por que preferem
viver assim
sem sonhos
nem destino
largadas
jogadas ao vício
sem amor
sem ninguém
almas perdidas
que ficam por aí
esperando quem sabe
um olhar
que nunca virá
almas perdidas
jogadas
largadas
sem amor, sem nada

ALÉM DOS VENTOS*

além
dos ventos
que sempre
trazem teu perfume
há também
as noites
que me confessam
teus segredos
além dos ventos
há também
os sonhos
que me levam
sempre
para perto de ti
mesmo quando não quero
te encontrar
te encontro
além dos ventos
que me trazem
notícias tuas
há em mim
no meu eu
pedaços de ti
guardados
além dos ventos
meu eu te guarda

PRIMEIRO DEGRAU*

não tem jeito
de subir
sem começar
no primeiro degrau
não tem outra maneira
se chegar no topo
pulando as etapas
queria poder pular
sem depois
precisar voltar
não tem outra maneira
a vida é feita
de subidas
é preciso
dar o primeiro passo
subir o primeiro degrau
sem pular nada
tem que ser assim
degrau por degrau
passo por passo
sem pular
sem tentar mudar
o que já está escrito
não tem jeito
é preciso começar
pelo primeiro degrau

DESEJO QUEBRADO*

acabou
o amor
o desejo quebrado
acabou
o que me prendia
não há mais
aquela doce sensação
do êxtase
acabou
o amor
a chama se apagou
ficou entre nós
o frio
o espaço
o desejo quebrado
as gavetas vazias
acabou
a paixão
derrepente
sem porquê
passou
ficamos nos olhando
sem saber o que dizer
sem emoção
sem amor
apenas com o desejo quebrado

OLHOS GÉLIDOS*


não te conheço mais
já não sei mais
quem és
teus olhos, gélidos
tuas mãos frias
teu corpo
distante do meu

não reconheço mais
tuas ações
teu amor
esfriou
não há mais nada
daquele que conheci
olhar gélido
pensamento distante
não há mais nada
de ti aqui
perto de mim
apenas teu corpo
e a tua pena
de me deixar
no vazio
é melhor que vás
e me deixes tua saudade

BRILHO NO OLHAR*

apagastes
o brilho que havia
no meu olhar
deixastes-me
sozinho
esperando
o amor que não havia
fostes a culpada
e o brilho no olhar
apagou-se
nem sei por quê
acreditei
talvez essa carência
que há de passar
apagastes
o melhor de mim
deixastes-me
sem cor
sem voz
sem coragem
sem o brilho no olhar
cometestes
apenas um erro
deixastes-me vivo
tirastes de mim tudo
menos meu amanhã

ATRÁS DE TI*

estive
procurando-te
por tanto tempo
cheguei a pensar
que tu
não existias
fiquei
atrás de ti
contanto todas
as estrelas do céu
fiquei
buscando-te
atrás de ti
achei que eras sonho
até
encontrar-te
estavas
bem perto de mim
ali olhavas-me
o tempo todo
eu atrás de ti
e tu
estavas no mesmo
caminho
olhando-me
e eu te procurando

29 de abr. de 2009

A VERDADE ESTÁ LÁ FORA*


a verdade
está lá fora
disfarçada
de mentira
com medo
dos lobos
disfarçados
de cordeiros
que têm medo
dos homens
que se disfarçam de anjos
a verdade
está lá fora
bem longe de nós
rodopiando
até que caia
e se quebre
no chão
a verdade
está lá fora
distante
dos olhos
que não enxergam
a própria sombra
e os lobos disfarçados
de cordeiros
e os homens
disfarçados de verdades

LOUCURA TODA*


foi
um erro
acreditar
que seria diferente
do que já é
tudo
é sempre igual
previsível
mesmo
com essa loucura toda
tudo
perdeu a graça
como sempre
e perde a razão
e fica sem porque
foi um erro
crer
que seria diferente
esse caminho
e essa loucura toda
apenas
tive a certeza
que existem caminhos
diferentes
que nos conduzem
a um mesmo final
tudo no fim
é sempre igual

DORES DE MUNDO*


dores
de cabeça
dores na coluna

tantas dores
dores de amores perdidos
dores de saudade
dores do mundo
há dores
que são invisíveis
que castigam
que doem devagar
e vão
deteriorando
há dores
que doem
caladas
nos becos vazios
dores do mundo
dores na alma
no coração
dores
que não passam
que não têm cura
dores do mundo
que vão aos poucos
se acabando em dores

SEM QUE NINGUÉM SAIBA*

eu choro
escondido
no quarto
sem que ninguém saiba
eu choro
nas minhas madrugadas
olhando
as fotos que ficaram
espalhadas
pela casa
eu sofro
a ausência
sofro a saudade
sem que ninguém saiba
eu também
falo sozinho
e ainda rezo
oração
quem nem mesmo deus escuta
sem que ninguém saiba
eu tomo
café gelado
na xícara
que há muito tempo foi usada
por você
e choro
sem que ninguém saiba
o porquê

NO FINAL*

o dia
no final
traz a tarde
que no final
traz a noite
que no final
traz os sonhos
que no final
nos torna
vulneráveis
mortais
o dia
que traz a tarde
que traz a
noite
que traz os sonhos
não entende
os gritos
e nem sabe por que
é assim
e nós
vamos seguindo
rumo
ao sempre
desconhecido
e no final
nós mortais
morremos

OLHANDO*


ando
de cabeça baixa
olhando
o chão
que piso
vendo a sujeira
do meu sapato
ando
olhando
o mesmo céu
de sempre
com as nuvens
de sempre
e o sol
quando há
ando
olhando
para trás
vendo as pegadas
que deixei
se apagando
no tempo
sem ninguém andando
atrás de mim
ando olhando
minha sombra
é o que me resta
de mim

OUVINDO*


sigo
ouvindo
o que o vento diz
sigo
porque não
quero ficar parado
o tempo
corroeu-me
por dentro
sigo
ouvindo
em mim
minhas memórias
que ainda gritam
muitas vezes
se calam
como se em mim
não houvesse nada
sigo
ouvindo
as lamúrias
daqueles que passam
por mim
sem dizer nada
como se eu pudesse
ouvir
os gritos
que saem de suas almas

MINHA NECESSIDADE*

tenho necessidade
do silêncio
que cerca
da paixão
que me alucina
e do amor
que me aprisiona
tenho necessidade
das minhas horas
de reflexão
dos meus momentos
de loucura
tenho a necessidade
de um sorriso
ora
de um abraço
minha necessidade
é entender
tantos porquês
ainda sem respostas
eu quero sempre mais
e me entristeço
com os muros
no quintal
e com as flores
secas no jardim
tenho necessidade
do que é belo

VIVO SOZINHO*

sozinho
não erro
não me perco
posso ir
posso voltar
vivo sozinho por isso
para não sofrer
para não chorar
faço o que quero
não faço
porque tenho que fazer
não faço
para agradar ninguém
sozinho
vivo
como quero
sem ter horas
vivo sozinho
nas minhas noites
e madrugadas
com a luz acessa
ou apagada
vivo sozinho
sem sonhos
sem ter que me dividir
entre o que sinto
e o que querem
que eu sinta

COMO VOCÊ*

como você
já encontrei
muitas
superficiais
confusas
querendo ocupar
o vazio
que alguém deixou
não fui eu
como você
cheia de incertezas
e com a alma ferida
já conheci
muitas
umas mais
outras menos
todas iguais
procurando abrigo
aquele carinho gostoso
conforto
para as angústias
como você
muitas
com o mesmo medo
medo de ficarem sozinhas
querendo agasalho
para o frio
que sente o coração

28 de abr. de 2009

HALLS*

beijar
tua boca
com um halls
extra forte
para meu beijo
tatuar
tua boca
beijar tua boca
com halls
para deixar
minha saliva gelada
para misturar
na tua saliva quente
e te marcar
a boca
beijar tua boca
para te ganhar
de vez
com halls
extra forte
para deixar sua língua
atiçada
para te beijar a boca
sem parar
para que jamais me esqueça
minha saliva gelada
no teu beijo quente

ZÉ NINGUÉM*

tinha medo
de crescer
sem rumo
crescer
um zé ninguém
perder-me
tinha medo
de crescer
sozinho
triste
desamparado
sem casa
sem família
nem amigos
não queria ser
um zé ninguém
queria poder
brilhar
e mostrar
para o mundo
meu rosto
não queria ser
um zé ninguém
jogado
a mercê de um destino
tinha medo e virei poeta
para quem sabe um dia,
eu não morrer

NÉVOA*

a névoa
enfim
saiu
vejo o sol
que há muito tempo
não via
ainda não sei
se era o sol
que se escondia
de mim
ou se eu me escondia
atrás
da densa névoa
do meu dia
enfim
vejo o sol
e o dia sem nuvens
fazia tempo
que eu não via nada
nem meu caminho
nem minha estrada
apenas ia
seguia por instinto
enfim
a névoa saiu de mim
não sei se era o sol que se escondia de mim
ou se era eu que me escondia do sol

FORA DO TRILHO*

andei
sempre fazendo
tudo certo
andei na linha
quando desviei
tive que voltar
andei
na linha
fazendo tudo certo
e vi sempre tudo
dando errado
vou andar
fora do trilho
fazer tudo errado
para ver se enfim
as coisas caminham
cansei de andar
na linha
cansei de ser bonzinho
vou por fora
fora do trilho
fazer errado
para ver se tudo dá certo
se não der também
volto para a linha
para viver
como sempre vivi

PALAVRAS CRUZADAS*

caminhos que se cruzam
palavras
olhares
e bocas
que se encontram
e corpos
abraços
em paz
em guerra
palavras cruzadas
ainda ferem mais
matam mais
que as armas de fogo
ferem mais
do que punhos fechados
caminhos se cruzam
olhares
as bocas
muitas vezes se calam
palavras
ainda poderosas
como metralhadoras
palavras cruzadas
devem ter hálito de rosas
para ferir menos
palavras
ainda e sempre, poderosas

PARANÓIA*

vivi
preso
em meus sonhos
sem saber
sonhar
era tudo impossível
tudo tão distante
e eu
em paranoia
sem saber viver
apenas
sonhando
achando
que o sol lá fora
não era para mim
vivi
na paranoia
de apenas sonhar
e ver os outros
do lado de fora
felizes
vivi
sonhos
e acordei
pronto para deixar
essa paranoia de lado
para ser feliz

QUEM DIRIA*


quem diria
que daqui a pouco
vou estar
com quarenta
sinto-me ainda tão menino
e daqui a pouco
estarei
com quarenta
quem diria
eu
aquele menino
cheio de sardas
que vivia pelas ruas
brincando até de madrugada
amanhã
estarei com quarenta anos
confesso
que o medo
começa a tomar conta de mim
não serei mais
aquele menino
serei homem
com quarenta anos
com metade
dos meus dias já vividos
e sei que sou aluno
e que sempre serei

SABOR*

que o beijo
não perca
o sabor
nem o amor
o calor
que o corpo
se mantenha aquecido
que as mãos
se encontrem
que os olhos
não fujam
que haja sempre
bem querer
que a ilusão
se perca
que haja verdades
e que os enganos
sejam reparados
mas que o beijo
não perca
o sabor
nem o corpo
o desejo
e o calor
que seja sempre bom
fazer amor
mesmo que em sonhos

SINAL FECHADO*


eu peço
você nega
diz
que não posso
que o sinal está fechado
eu quero
espero
o sinal
ficar aberto para mim
eu fico
naquela ânsia louca
de beijar sua boca
e você diz
agora não
para incendiar ainda mais
o fogo da paixão
eu peço
você nega
cola sua boca
na minha
e diz não
sinal fechado
eu ali
alucinado
pelo beijo
eu espero
o sinal ficar aberto para mim

PRIMEIRA ESTRELA*

quando a noite chega
a primeira estrela
que vejo
nesse imenso céu
é você
nada encanta mais
que seu brilho
tão seu
tão natural
quando a noite chega

quero ver
você no meu céu
a primeira estrela
que brilhou
e que me mostrou
o caminho
estrela que me tirou
do abismo
que resgatou
meu sorriso
a primeira estrela
e sempre única
nesse céu
imenso
quando a noite chega
só vejo você no meu céu

27 de abr. de 2009

QUANDO TE VI*

quando te vi
eu sabia
eras a mulher
que eu queria
houve em mim
tontura
garganta seca
coração disparado
quando te vi
quis
beijar-te a boca
quis
acariciar teus cabelos
e ficar contigo
para a vida toda
vendo teus olhos
sentindo tua paz
e teu sorriso
quando te vi
eu sabia
serias a mulher da minha vida
dos meus sonhos

A PRIMEIRA VISTA*

à primeira vista
naquela manhã
que te vi correndo
entre as esquinas
cabelos presos
calça justa
eu de chinelos e bermuda
te achei
sei lá
talvez bonita
você corria
de lá para cá
e eu
de chinelos e bermuda
tomando café
à primeira vista
te vi sempre correndo
não olhei
teus olhos
apenas teu suor escorrendo
queria saber mais de ti
eu ali de bermuda e chinelos
e tu, correndo

SE FOR CAPAZ*


se for capaz
de perdoar
perdoe
se for capaz
de reamar
apenas ame
se for capaz
de descobrir novos
caminhos
caminhe por eles
se for capaz
de andar de olhos
fechados
abra os olhos
você nunca sabe
o que pode vir por aí
se for capaz
de se entregar
a mais amores
do que sua capacidade de amar
não ame
fará sofrer
quem não merece

PRISIONEIRO*

quero ficar
onde estou
quero ficar
com quem estou
amar
quem já amo
não quero
um novo amor
quero ficar
prisioneiro
dessas sensações
que já conheço bem
não preciso
da liberdade
de sair por aí
beijando bocas
e sendo refém de mim
quero ficar onde estou
quero apenas
ser prisioneiro
de único amor
sem correr riscos
de me perder

INTRUSO*

não vou mais
falar nada
todos falam por mim
conhecem-me mais
do que eu
a mim
não vou mais chorar
há muito já não choro
todos conhecem
minhas lágrimas
menos eu
que nem sei
qual o sabor
não vou mais
ser apenas um intruso
não vou mais abrir
as portas
e entrar
todos me conhecem
sabem
o que procuro
menos eu
menos eu sei o que

POR UM FIO*

as mãos
continuam dadas
os corações
batendo em disparada
o amor
gritando
as emoções
e as emoções
todas por um fio
já não há mais porque sorrir
ninguém sorri mais
essa falta de tudo
falta de tempo
de amor
nos sufoca
devagar
nos asfixia
e nem percebemos
que estamos morrendo
e nossos amores
por um fio
as mãos dadas
suadas...

POR QUE EU*

entre tantos
por que eu
há corações
mais vazios que o meu
há emoções
já há tempos
esquecidas
por que eu
por que eu devo
ceder
e lhe dar
um coração com ranhuras
de amores passados
entre tantos corações
vazios
por que eu
por que eu
devo amar
se já não há porquê
se já não quero mais
nenhum amor que me faça sofrer
me diga
por que eu

TANTAS RAZÕES*

tantas razões
para ficar
cada vez mais
sozinho
essa falta de amor
tantas razões
para ficar
trancado
essa falta de um porquê
de um sorriso
de um carinho
tantas razões
para amar
e não se ama
e o amor escorrega
pelos vãos
dos dedos
tantas razões
para ficar cada vez
mais perdido
entre as pessoas
que já não sentem mais nada
tantas razões

REMORSO*

voltar
reparar
o que foi dito
refazer
o caminho inverso
livrar-se
dos pesos de todos os erros
tantos passos tortos
tantos erros
e quem não erra
e quem nunca errou
e quem nunca vai errar
voltar
para limpar
e tirar o lixo da mente
a dor
que acusa
não passa
nada cura
não há o que fazer
nem voltar
nem refazer

VÍTIMA DO DESTINO*

o que posso fazer
meu destino
foi me dado
sem eu pedir
sem me perguntarem
sigo
e vivo
vítima do destino
o que posso fazer
fingir
que sou feliz
fingir
que não sinto
o peso desse destino
que jogaram
em minhas mãos
reclamar piora
deixa mais pesada
minha cruz
o que posso fazer
sou vítima do destino
que jogaram
nas minhas costas sem eu pedir

24 de abr. de 2009

PORTO SEGURO*


deixei
meu cais
meu porto seguro
deixei
meus remos
e meu barco
deixei
meu corpo
na corrente
da maré
para cair no mar
dos sonhos
deixei
de lado
os velhos hábitos
as velhas ideias
abandonei
minha fé
meu terço
e saí
no rumo do vento
para entender
o que havia em mim
ouvir meu silêncio
e ocupar esse vazio
deixei
meu porto seguro
olhando na janela
e os remos
presos no cais
e apenas meu corpo
lancei no mar dos sonhos

COISA MAIS LINDA*

coisa mais linda
acordar
e ver
seu recado no espelho
com um beijo seu
coisa mais linda
acordar
e ver
na mesa do café
a mesa posta
e no meu copo
o frasco do seu perfume
coisa mais linda
a música
gravada
para me despertar
na manhã da sua ausência
coisa mais linda
ver na tela do computador
nossa foto
e ler seus e-mails
e ler seus recados
coisa mais linda
sentir você
em mim
mesmo quando está longe
coisa mais linda
ver você chegar
e mesmo cansada
sorrir e me abraçar

FERIDO*

estou ferido
pelo meu ego
que me levou
para o céu
depois me jogou
no inferno
estou ferido
pelo amor
que sinto
que me levou
para o céu
e me deixou lá
conversando com Deus
eu sem saber
o que dizer
e Deus sorrindo para mim
eu estou ferido
por andar
descalço
por andar
querendo demais
uma estrela
que não estava no céu
Deus sorrindo
para mim
curou minhas feridas
e me colocou
de volta no chão
eu
estou curado
do amor que me esmagava
mas Deus sabe
e eu também
que amarei de novo
que amarei outra vez

DONO DA VERDADE*

sou dono da verdade
da minha verdade
sou dono
do que sinto
dono do meu amor
e do meu destino
sou dono da verdade
da verdade
que vivo
sou dono da vida
que me cabe
nada mais me importa
nada mais me convence
me chama a atenção
nada mais
me faz sorrir
só minhas verdades
sou dono delas
dono das minhas ânsias
e dos meus medos
sou dono da verdade
das verdades
que sonho
das verdades que escrevo
das verdades
que me seguem
a minha vida inteira
sou dono
das paixões
e sei o tamanho do coração
que tenho
sou dono de mim

PRA TE LEMBRAR*

pra te lembrar
espalho
flores
pelo teu caminho
pra te lembrar
te ligo
todas as horas
da minha manhã
rabisco
tuas paredes
esrevo bilhetes
pra te lembrar
venho no vento
soprar em teus ouvidos
palavras
pra te lembrar
invado teus sonhos
tua cama
teu corpo
pra te lembrar
do amor que sinto
te dou meu amor
todos os dias
e sempre
invento uma maneira nova
de te conquistar
pra te fazer lembrar
do amor que sinto
do amor que tenho

CONTRADIÇÃO*

diz que não
me ama
e me chama
diz que me esqueceu
e volta
na saudades
do corpo
me
diz que não quer
e sempre volta atrás
diz que não é amor
diz que não é paixão
diz que não canta mais
minha canção
nem declama
na noite
minha poesia
diz que não quer
e me liga
diz que esqueceu
e me cobra
diz que não volta
e sorri
eu não falo nada
deixo você
cair em contradição
dizendo
que foi embora
deixando a porta aberta
diz
que não era amor
e pixa nos meus muros
ainda amo você

NÃO ME DEIXE SÓ*

não me deixe só
posso não aguentar
e enlouquecer
ou morrer
quem sabe
sofrer apenas
não me deixe só
tenho medo
do sol
e da chuva
dos raios
e dos trovões
tenho medo
do telefone tocar
e não ser ninguém
não me deixe só
na segunda feira
posso querer fugir
nem na terça
posso querer morrer
quem sabe
eu suma na quarta
não me deixe só
na semana toda
tenho medo
de não acordar
se não acordar
por favor
me acorde

ESTRESSE*

eu sei
tô doente
cansado
carente
vivendo num estresse
total
eu sei
com raiva
do mundo
às vezes
indiferente
eu sei
tô doente
cansado de tudo
cansado
da velha cor do mundo
tô sozinho
com vontade
de ir embora
largar tudo
eu sei
tô cansado
enfadado
doente
com raiva de mim
desse destino que escolhi pra mim
sem força
pra gritar
pra reagir
pra chorar
estou fora de controle
estou fora de mim
do meu juizo perfeito

ANTES DE ALGUÉM CHORAR*

prefiro sumir
desaparecer
antes de alguém chorar
não gosto de lágrimas
não gosto
não gosto de ver
ninguém chorar
é melhor então
eu sair
eu sumir
eu desaparecer
melhor me manter sozinho
afastado no mundo
antes de alguém chorar
não suportaria
antes eu
chorando minhas tristezas
do que ver
alguém chorando
pelos passos errados
prefiro
a solidão
ficar trancafiado
em mim
antes de alguém chorar
melhor eu sumir
desaparecer em mim

AMNÉSIA*

esqueci
quem sou
esqueci
seu nome
meu amor
seu rosto
esqueci
minha casa
esqueci dos meus
amigos
e das chuvas
que peguei
no meio do caminho
esqueci
da cor dos meus olhos
esqueci que tinha olhos
esqueci você
e o que eu era
esqueci meus filhos
minhas tardes
e muito da minha infância
esqueci
o que faço
e o que tento fazer
esqueci
meu ontem
meu hoje
e meu amanhã
esqueci até quem me criou
esqueci
e não quero me lembrar