30 de jan. de 2019

ARRANHADO


deixo
a poesia
que sai
arranhar
e desatar
o nó da minha garganta

não
existem mais
gritos
e os que
ainda insistem
em gritos
eu
os silencio...

PROCURANDO


a poesia
anda
por ai
sozinha
procurando abrigo
quem sabe
um coração aflito
doente
solitário
e cheio de um vazio

a poesia
é agora
andarilha
pedinte
mendiga

rasteja
em busca de
migalhas
de uma atenção
quase extinta

quase morta
sem poeta
sem destino


ESCONDO-ME


escondo-me
em minhas
ilusões
extintas

atiro-me
em meus calabouços
e neste
meu coração
tantas vezes perfurado
por dores
e amores
que
nunca me pertenceram.

RASA


não
me atiro mais
em corpos 
rasos
procurando profundidades
que não existe.

IMPULSIVO


eu
sempre
serei
impulsivo
seguindo
sem pensar
meus instintos

um tanto louco
lunático
poeta

sigo
sem pensar
porque pensando
demais
não sei mais eu
e em mim
não caberá
mais
amor algum...


MANICÔMIO


... há tempos
vivo em meu manicômio
particular...

há tempos
insisto
e me visto
com minha loucura...

NÃO SEI


ainda
não sei bem quem sou
sei
apenas
que estou por ai
e por aqui
tentando
descobrir
todos os porquês de Deus

ainda
não sei bem quem sou
e voo
além de mim
além
do que podem minhas
asas
que asas?

amo
mais que pode
suportar
meu coração
há tempos
perdidos
na imensidão
do amor que sinto

ainda não sei
quem

10 de jan. de 2019

TE OLHAR


só quero te olhar
só quero
te ver dormir
ou te ver
andar
pela casa vazia

só te quero
ver
de camisa larga
e por baixo a pele nua

só quero
poder
te olhar
sem dizer nada
só te imaginar

ali
afoita de desejos
carente
coração
queimando o peito

só quero
poder
te sentir
mesmo sem te tocar
para nunca
mais te esquecer

TE ROUBAR PARA MIM


e
se por um
momento
eu te roubasse
para mim

te vendasse
os olhos
e te levasse
para ouvir
a canção que o mar
entoa

e
se por um
momento
eu te quisesse
ainda sabendo
do fim
de nós dois

ainda
assim
haveria esse momento
eternizado
em nós

PERDIDO


me
perco
em meio
aos meus papéis
e as canções
e todos os sentimentos
e sensações

me
perco
em minhas sombras
e meu silêncio
sempre
fala mais alto

a solidão
sempre
aperta com força
a alma

me
perco
em meio as flores
que plantei
entre os livros
que não li

me
perco
entre as poesias
que ainda não escrevi

AMOR DEMAIS


tenho
amor demais

amor que transborda
poderia
amar ainda mais
mas não devo

transformo
então
amor que sinto
em poesia

que elas possam
relatar
um pouco do que sinto
e sinto muito
sinto demais

esse amor
dilacera
meu peito
enche minha alma

amor
que morre
amor que mata
amor que não tem fim

poesias

NÃO ERA AMOR


não era amor
muito menos
coisa parecida

era vazio
sem vida
sem bem querer
nem saudade

era pequeno demais
para um
coração grande demais

não era paixão
porque
não queimava
era fumaça
vento que passa
e passou
sem deixar nada

tristeza e dor
e um coração morto

NA CONTRAMÃO


sempre
andei
na contramão
de mim e dos meus sonhos

sempre
andei
entre tombos e tropeços
meus joelhos
vivem ralados

sempre
fui um sonhador
e sonhando
nunca cheguei a lugar algum

sempre
voltei por onde
andei
sempre com medo de me perder
pelas estradas
que eu já conhecia

NÃO QUERO


não queria
e nem quero teu amor

quero
apenas teu corpo
e teus beijos

teus lânguidos seios
tuas coxas fartas

quero teu mau humor
e teu silêncio
teus olhos
mergulhados nos meus

quero
tuas roupas jogadas
teu café
frio
e teu gosto de batom

não quero
teu amor
nem tuas falsas promessas
de um amanhã
que não existirá

quero teu corpo
teu beijos

amor eu já tenho

VOZES


e
essas vozes
que não se calam

e
esses ecos
que não
respondem

e esse amor
que vai
morrendo

e essa flor
seca
neste vaso

e essas pessoas
que não
se encontram

e esses olhares
quase todos
cegos

e essas
bocas
ressecadas

e essas camas
quase
sempre vazias

e essa
ardência
que não passa

e esse amor
que morreu

ALGUÉM


tem sempre
alguém
falando o que ninguém
vai ouvir

tem sempre
alguém
escrevendo o que ninguém
vai ler

caminhando
sem a certeza que irá
chegar

tem sempre alguém
amando demais
sem ser amado

tem sempre alguém
morrendo
sem saber o que é o amor

tem sempre alguém em
silêncio

tem sempre gritos demais

MAQUIANDO


e a gente
vai
se maquiando

disfarçando
engolindo
se consumindo
e morrendo

uns
mais rápido
outros
nem tanto

e a gente
vai subindo
e descendo
as ladeiras da vida

brincando
de faz de conta
fazendo
que acredita
neste conto de fadas
que não é a vida

a gente se perde
a gente se acha

SOBREVIVENDO


venho
tentando
sobreviver

e viver
com aquilo que tenho
e tenho
pouco
e este pouco
me basta

minhas ambições
foram
perdidas

vento me leva
e me faz
voar
mesmo sem ter asas

fogo
me queima
mesmo eu sendo água

já não
sei
por onde anda minha fé
e tudo
aquilo que me fazia
crer

INSISTÊNCIA


o que
aconteceu

por que
insiste em me mostrar
este teu silêncio
esta tua indiferença

o que
aconteceu
por onde andam seus olhos
seus pensamentos
e seus desejos

por que
gostar
de dar o pior de ti

onde
andas
quem tu és

já deixei
de te conhecer
e te fumar
e te beber

ando por ai
agora
a te esquecer

DEIXEM-ME


deixem-me
secar

deixem-me
ficar
com meu amor
e essa minha intensidade
de sentir

deixem-me
com minhas canetas
e meus papéis em branco

deixem-me
minha febre arder
e meu corpo
se rasgar
inteiro

é o que
restará de mim

deixem-me
todos serão melhores
sem mim

DAQUI A POUCO



daqui a pouco
o azul
do céu
sumirá

tudo
ficará cinza
e o mesmo céu
que sorria
irá chorar

daqui a pouco
nada em mim
será o mesmo

o dia
sucumbirá
as emoções

e a noite
em meus sonhos
tudo fenecerá

a mesma
história
de sempre
o mesmo início
o mesmo
fim

DESBOTANDO


todas
as cores
um dia
irão desbotas

todas
as paixões
um dia secam

todos os amores
um dia morrem

e ainda assim
seremos
os mesmos
ou não

ainda haverá
coração
remendado ou não

tudo
fenecerá
haverá o fel
e o gosto amargo
do que jamais
morrerá

INQUIETO


ando
inquieto
lutando
minhas tantas lutas

todas elas
invisíveis

ando
matando amores
e todos os desejos
que nascem
em vão

ando
inquieto
ardente
ácido

algo me incomoda
algo me prende
me pressiona
impulsiona

algo
grita dentro de mim
e ainda assim
cala minha voz

ando
inquieto
calado
meio morto

SE EU TIVESSE


o que seria
se tivesse ido
até o fim

se tivesse mesmo
vestido minha loucura

o que seria
se eu tivesse tido a ousadia
de dizer
tudo o que ainda está entalado
na garganta

o que seria
se eu tivesse ficado sentado ali
enquanto tudo
me consumia

talvez
quem sabe
tivesse secado por dentro
e tudo teria morrido
antes mesmo de ter nascido

ESCREVER

quero escrever
escrever
por horas

escrever
até que meus dedos caiam
ou até que não restem
mais papéis em branco
ou até que todo tipo
de sentimento
seque

quero escrever
abrir
a torneira de minha'lma
deixar
que tudo escorra
que tudo
finde
num fim de tarde qualquer

escrever
até que não haja
mais nada dentro de mim

5 de jan. de 2019

EM TUDO

agora
em tudo
silêncio

as palavras
aos poucos
morrendo

sentido
sentimentos
já não creio
na salvação de minha'lma

já não creio
na luz
que não ilumina
meu caminho

deixei
para lá
os soluços

deixei de sentir
há tempos

agora
em tudo
silêncio

anjo sem asas
caído
morto

O QUE EU QUERIA

deixei
de querer
o que eu queria

já estou cheio
de tudo
e este nada
me ocupa

deixei
de ir
para já fui tantas vezes

perdido sempre
em meus vazios
querendo sentir
mais do que já sentia

já não há
mais
reflexo em meu espelho

nem mais
o mesmo amor
neste meu coração

deixei
de querer
o que eu mais queria

PROMESSAS


eu não vou
sem promessas

não há em mim
malas vazias

minha boca
já tem gosto de outra boca
meu coração
bate em outro peito
e no meu
tantos
outros corações

eu não vou
sem promessas

tirar você
de onde está
e deixar a esmo
na beira da estrada

para que
por um beijo
por um afago
por mais uma mentira
por mais uma promessa vazia

não mais
obrigado

NÃO QUERO MAIS

logo
irei
me apagar
então
não quero mais
nem as tuas
e nem
as minhas mentiras

não quero
mais
mar sem ondas

não quero
beijos sem saliva
e nem abraços
que não se encaixam

não quero
mais
minha covardia
que me fez ficar

logo
irei
me apagar
então não quero horas
mortas
nem mais
olhares perdidos

não quero mais
nem as tuas
e nem as minhas mentiras

nem tuas ruas
nem mais tuas esquinas

CANTO ESCURO

depois
de tudo
só quero ficar
quieto e morto
no meu canto escuro

eu preciso ficar
sem o sol
e sem nenhuma madrugada

sem deixar rastros
ou pegadas

preciso me perder
e ficar perdido
sem que me achem

não quero
mais mentiras

quero ficar sem falar
mentiras
e sem ouvir
maledicências

preciso
ficar sem nome
nem sobrenome
quieto e morto no meu
canto escuro

POR ONDE ANDA O AMOR

o amor
sei lá
depois da rua sem saída
depois do beco escuro
dos sentimentos ocos
e das mentiras
deve andar por ai
disfarçado
meio que indigente

o amor
sei lá
depois de tantas
desventuras
de tantos desamores
de tantas cicatrizes
deve ter criado asas
e voado
para
outra dimensão

o amor
sei lá
por onde anda o amor

SEM PENSAR


melhor
escrever
sem pensar

deixar
escorrer
como um rio perdido
procurando
o mar
que nunca achará

melhor
escrever
sem sentir
deixar que o pensamento
corra sem pressa
de chegar

melhor
mesmo é deixar
que este vento arraste
o resto de todos os sentidos

e se sobrar alguma
coisa
será o melhor
ou o pior de mim

BELEZA

onde
está a beleza
que meus olhos
sempre insistiram em ver

onde
estão as flores
que insisti
plantar pelo caminho

será
minha mão
imprópria para o plantio

serão as sementes
mortas mesmo antes de nascer

será
o solo infértil
como tantos corações

onde
está tudo o que eu via
e agora
não vejo mais

MEIO ASSIM


a vida
estava meio assim
sofá sem encosto

era andar e andar
entre tantos e tantos amanhãs
que ainda não chegaram

a vida
é esta ladeira
é esta subida
é esta linha reta onde
dois pontos
raramente se encontram

a vida
este ponto de interrogação
cheio de vazios
que jamais
se encherão...

LONGE DE MIM


um lugar 
longe de mim
onde eu pudesse ficar
sem pensar em nada

há tanto para pensar
e eu
só queria fugir de mim

fugir dos meus absurdos
fugir do meu caos
mesmo sabendo
que meus pensamentos
sempre 
estariam comigo

eu 
só queria
um lugar longe de mim

2 de jan. de 2019

ESTRANHEZA


a gente
vai se estranhar

eu vou
quer viver
e você vai
querer me prender
em seu mundo

ainda que haja
certezas
ainda que a cama seja a mesma

a gente
vai se perder
em meio as bobeiras
do dia a dia

a gente
vai se machucar

palavras machucam
cortam
e depois quem sabe
talvez
entre nós fique tudo bem

QUALQUER PALAVRA

qualquer palavra
qualquer ugar
qualquer hora

sabe-se lá
sei lá
o que agora sinto

qualquer instante
qualquer revolta
qualquer rua

quem sabe
olhos caídos
sentimentos mortos

folhas

qualquer vento
qualquer sol
qualquer noite

sem lua

O AMOR É ILUSÃO


o amor
amor
de verdade
é ilusão
doce ilusão
de quem ama
ou não
mentiras
que a gente conta
verdades
que a gente
quer acreditar

o amor
amor
de verdade
é corda que enforca
cela
que prende
dor que sufoca

o amor
é ilusão
daqueles que sem pensar
dizem
eu te amo

REMÉDIO

foste
naquele momento
remédio
sem efeito

ilusão de cura
besteira

foste
naquele momento
certeza alguma

faltou
verdade
entrega
faltou profanar
meu silêncio
faltou sentimento
e de nada assim
estou cheio

foste
sem nunca ter sido

VAZIO


apenas
um vazio
como tantos outros
vazios
e nele
cabiam
todos
outros vazios

qualquer grito
qualquer sussurro
qualquer suicida

apenas
um vazio
escuro
úmido
como tantos outros vazios

era quase
madrugada
era quase
chuva de verão

como
tantos outros vazios

ocos

NÃO ERA TUDO SSO


não era
tudo isso

não era
mar para me afogar

era
aquele soluço
que passa

aquele abraço
vazio

aquele beijo morto
sem saliva

não era
tudo isso

era desses
sonhos sem creme
bomba de chocolate vencida

faria
mal para o corpo
faria
mal para a alma

PAREDES

ficaram
as paredes
perfuradas

ficaram
os ecos
do comodo vazio

o vidro
quebrado
na janela
e a porta
sem maçaneta

ficaram
as lembranças
que castigam
e o silêncio

o cachorro
não late mais
e no meio da noite
ainda
escuto o choro do bebe
que não dorme

ecos

ILUSÃO


foi
mais uma ilusão

aquela fagulha
capaz de vencer a realidade

era apenas
fotografia
de um corpo
que se dissolvia
talvez pior do que eu
talvez mais perdida

para que
então
este prazer de instantes
para depois
voltar
cabeça baixa
para a mesma realidade
que me devora

foi
mais uma mentira
entre tantas
que invento
para me salvar de mim

FICANDO POR AI


e ficar
por ai
o dia todo
carregando uma mochila vazia

e ficar
vencendo as horas
matando
qualquer expectativa
que não existe

plantar
paciência e esperar
que de algum jeito ela brote

e esperar
que o sol se ponha
e a noite
se encerre numa fotografia
muda

e ficar
morrendo
sem ter feito nada

LUGAR QUALQUER


não quero
me sentar num lugar
qualquer
e ficar pensando
no que vou escrever

quero simplesmente
escrever
qualquer coisa

qualquer sentimento
que grite a alma
qualquer dor aà toa que me doa
qualquer mentira
que minha boca profane

não quero pensar
quero apenas
deixar fluir

deixar
que tudo vaze
pelos poros
e ainda que doa
o nada

sentir-me-ei melhor

1 de jan. de 2019

MARCAS


teu batom
na minha boca

teu sabor
em minha língua

teu perfume
em meus poros

tua imagem
em minha memória

tuas unhas
em minha pele

tua sede
minhas vontade
vivas

teus momentos
incertezas
tuas confusões
e teus medos

nossos abraços
teu abraço
calor
tua marca de batom
no espelho do quarto

lembranças
do que seremos
do dia
que deixaremos de ser

MAIS ABRAÇOS


que possamos
morrer
num abraço

que possamos
nos amor
nos tornarmos um

que possamos
ficar em paz
no silêncio de nós

que nossos laços
virem nós
e que possamos
deixar
de lado
nossos pecados

que nossas bocas
não se cansem
de beijar
que nossos corpos
não
se cansem de amar

que as horas
demorem
a passar
e que os dias sejam longos

que possamos
viver
a paz do nosso amor
em meio
a confusão
do que é amar

mais abraços
eternos

NOSSOS SONHOS


que nos
sonhos
a gente possa se encontrar
e quem sabe
sentar e conversa

quem sabe
nos sonhos
a gente
se olhe como nunca
se olhou
e se toque como
nunca se tocou

quem sabe
a gente possa deitar
sobre a grama verde
e fazer dela nossa cama
de ilusões

quem sabe
nossas bocas
selem beijos
e promessas que jamais
serão cumpridas

quem sabe
a gente não desperte
e morra
no mesmo sonho
do mesmo amor
que acordados negamos sentir

quem sabe
depois de tudo
quando
depois que nossas mentiras
forem cuspidas para fora
de nossa alma
a gente
posso enfim viver
nossos sonhos

DEIXE-ME


deixe-me
com meus sonhos
com meus desejos
com meu silêncio
com meus papéis em branco
com minhas canetas sem tinta

deixe-me
com os livros que ainda não li
com os amores
que não pude amar
com as noites
sem lua
com os corpos sem luz

deixe-me
com meus vinis enferrujados
com meus cds
com meus fones de ouvido
com minha boca calada

deixe-me
com minhas calças surradas
com meus tênis sujos
com minha escada sem degraus

deixe-me
cercado
livre
deixe-me
respirar meus alentos
meus alívios
minha fumaça tôxica
palavras desconexas

deixe-me

CAÇO


te caço
em minhas noites
em meus sonhos
em meus dias
pelas ruas por onde passo

caço
teu rosto
teu jeito
em tantos outros jeitos
em sorrisos
que não vejo
em corpos
que não toco

te caço
nas migalhas
dos pombos
no perfume
que fica
quando passam por mim
nos passos
que passam

te caço
nas poesias
que escrevo
nos gritos
abafados
carros que passam

te caço
para te arrancar
e te tirar
de onde coloquei