31 de jan. de 2015

REI




Deste meu
Mundo
Sou rei
Dessas minhas paredes
Esverdeadas
Meus gritos
Ecoam
Por meus labirintos
Ando
Tropeçando
Em mim
Ando desperdiçando
Todas minhas
Moedas
De ouro
Gastando
Meu tempo
À toa
E minha vida
Acabo
Deixando
Em escombros
Este meu mundo
Depois no meu peito
Este sufoco
Das tardes que nunca acabam
E amanhãs que nunca chegam

AFLIÇÕES




Parece
Que sou
Muitas vezes
Cavalo xucro
Que não gosta
De rédeas
Nem de arreios
Muito menos de
Esporas
Parece
Que às vezes
Viro
Minha própria
Tempestade
E me sinto
Mal
Por arrastar
Tudo comigo
Minha casa
Meu abrigo
Sinto-me
Panela de pressão
Confuso
Aflito
Dentro de um turbilhão
De mim
Muitas vezes

NORMALIDADE








Euquero
Sernormal
Levarumavidanornal
Levarmeucachorroprapassear
Comerpizza
Tomarcaldodecana
Levantartardenodomingo
Lerojornal
Dodiapassado
Jogarconversa
Foracomosamigos
Masqueamigos
Então
Mesentonosofá
Deixoajanelaaberta
Paraoventosoprar
Ascortinas
Issomedáimpressão
Queaindahávida
Euquero
Sernormal
Beijarminhamulher
Brincarcomminhafilha
Viajartrabalhar
Emorrerempaz
Parecequeàsvezes
Oriocorrecontranós

AINDA BEM




Ainda bem
Que o tempo passa
Deveria
Passar
Mais devagar
Para não deixar
Ainda
Aquelas sensações
De antigamente
As horas
Deveriam
Correr em câmera lenta
Haveria
Mais tempo
Mais vida
Ainda bem
Que o tempo
Faz morrer
Em nós
O que passou
Deveria
Matar mais rápido
E acabar rápido
Com este
Cruel passado
De todos nós
E laços

QUERO VOAR




Quero voar
Mesmo
Sem asas
Quero sentir
Mesmo
Sem poder
Quero
Em mim
Todos os amores
Sabores
Quero
O mundo
Quero as poesias
Os olhares
As bocas
Expostas
Quero cair
Nos abraços
Rasos
De minhas tormentas
Quero
O vazio de todos
Os meus sentidos
Quero ficar
Sem mais precisar
Querer ir
Tudo já passou