30 de jun. de 2009

EXCESSO DE SENTIMENTOS*

tudo
que me prende
que me sufoca
todo
excesso
de sentimento
não quero
não preciso
quero andar
por aí
tranqüilo
não gosto
de nada
que me aprisione
gosto
da liberdade
que o amor
me traz
não quero
excesso de sentimento
nem os meus
nem os de ninguém
tudo
o que é demais
qualquer
excesso
me faz mal
sufoca-me
sufoca
o mundo
nada de amarras
de correntes

VOU FICANDO AQUI*

vou
ficando aqui
com meus espinhos
e meus arranhões
entre
o que penso
e o que quero
vou ficando aqui
na esquina
do meu destino
seguindo
a linha
do trem
sem perder
a linha
do tempo
vou ficando aqui
olhando
meus amigos
com suas vidas
de enfeites
olhando
meus parentes
distantes
de mim
vou ficando aqui
entre os muros
e as pontes
entre os gritos
e o silêncio
vou ficando aqui
nas esquinas do meu tempo

HORAS FRIAS*

tem horas
que faltam
um alô
um abraço
um sorriso
horas frias
de amor
tem horas
que sobram
apenas pensamentos
e boas ações
tem horas
que não existem
palavras
que confortem
horas frias
que passam vazias
de sentimentos
tem horas
que um abraço
consola
um abraço
apazigua
tem horas
que as horas frias
congelam
olhares
congelam palavras
tem horas
que é melhor
ficar calado
e deixar as horas frias morrerem

AGONIA DE VIVER*

já pensei
em morrer
largar tudo
desistir
como fazem
os covardes
já pensei
em não fazer
mais nada
pensei
na agonia
de viver
sem perspectivas
na agonia
de viver
sem sonhos
que possam
se realizar
já pensei
em morrer
em sumir
em desaparecer
fazer
como os loucos
que perambulam
sozinhos
pelas ruas
com sua agonia
de viverem sozinhos
já pensei
em desisti
de qualquer loucura
que me tire de mim

DIA A DIA*

dia a dia
na esperança
na fé
dia a dia
entre papéis
escritos a lápis
dia a dia
entre livros
e histórias
calendários
rasgados
riscados
dia a dia
entre paz
e a guerra
entre o calor
e o frio
dia a dia
entre a solidão
e a clareza
dos pensamentos
dia a dia
entre as dúvidas
e a certeza
entre o amor
e o amor que sinto
dia a dia
entre a cruz
e a espada
entre o caminho
e a encruzilhada
entre o medo e a razão

INCERTEZAS DE UM CAMINHO*

pode
ser pedra
pode
ser de areia
pode
ser de brasa
pode
ser de água
pode
ter vento
calor
pode ter
chuva
pode ter frio
pode
ser curto
ser longo
sereno
tortuoso
pode ser
reto
curvo
perto
distante
pode ser
de altos e baixos
planalto
ou planície
não importa
terás
que caminhar
com tua cruz

FOGO QUE QUEIMA*

esse
fogo
que queima
que arde
que deixa
brasas encobertas
esse
fogo
que queima
em silêncio
queima
de dia
de noite
rasteiro
quieto
fogo
que consome
o ar
meu ar
esse fogo
rasteiro
que arde quieto
esse fogo
que devagar
deixa
as fagulhas
serem levadas
pelo vento
esse fogo
que incendeia
o que me cerca
minha paz, minhas floresta

COMO ESQUECER A DOR*

como
esquecer
a dor
que dói
todos os dias
sem parar
como
esquecer
o que está presente
dilacerando
escarnecendo
instantes
como
esquecer
se a dor
não deixa
se a dor
não passa
se a dor
me faz lembrar
como esquecer
minhas tormentas
se o vento
sopra
a dor
dói demais
não me deixa
em paz
não me deixa esquecer
como esquecer
se a dor
me faz lembrar

SEM ACHAR MOTIVO*

vivo
sem achar motivo
além
dos que já tenho
vivo
dos meus sacrifícios
das lágrimas
que escorrem
caladas no meu silêncio
vivo
sem achar
motivo
para amar
eu já
amo
o amor que me faz bem
não preciso
de nenhum
outro amor
vivo
sem achar
motivo
para ousar
já ousei tudo
o que podia
não me cabe mais
arriscar
o tão pouco que tenho
vivo
sem achar motivo
além
de todos os motivos que tenho

EU BUSCO TANTO*

eu busco
tanto
minha paz
e um milagre
eu busco
tanto
a reclusão
dos meus sentidos
eu busco
tanto o mesmo
sol que é para todos
eu busco
tanto
uma luz
uma força
que me empurre
para o alto
das mais
altas montanhas
eu busco
tanto
certezas
esquecidas
eu busco tanto
um pouco de água
e sombra
eu busco tanto
me conformar
com o que tenho
que às vezes me esqueço
quem sou
eu busco tanto

SE FOR SONHAR*

não feche os olhos
se for
sonhar
não feche
os olhos
se for beijar
sonhe
de olhos abertos
beije
de olhos abertos
olhe
para a pessoa
que ama
não esconda
seus olhos
se for sonhar
pare tudo
o que está fazendo
pare
por um instante
de pé
sentado
deitado
deixe as sensações
de sonhar
invadirem
por um instante
seu mundo
não feche os olhos
se for sonhar
não feche os olhos
quando beijar

JÁ NÃO SOU MAIS*

já não
sou mais
aquele
que via
salvação
já não sou mais
aquele
que cria
aquele
que via
razões
para viver
tudo
está tão cinza
sem o vermelho
das emoções
sem sabor
já não
sou mais
o mesmo
poeta de emoções vivas
tudo
está cinza
sem as cores
intensas
da vida
já não sou mais
de todos
o único
as cores desbotaram
tudo ficou
branco e preto

DESAPARECEU*

desapareceu
o que era
bom
os sonhos
e a vontade
de sonhar
desapareceu
aquela
velha sensação
gostosa
de amar
aquele bem querer
gostoso
de final de encontro
desapareceu
a velha
vontade
do encontro
dos mesmos olhos
desapareceu
o carinho
o afeto
aquela ternura
o brilho dos olhos
desapareceu
o que movia
o que fazia querer
tudo
está perdido
esquecido
dentro de nós
dentro de nós

LEVOU MINHA PAZ*

levou
minha paz
deixou-me
sem nada
cavou
um buraco
enterrou-me
deixou-me
sem rumo
sem tempo
levou
minha paz
minha identidade
meu nome
levou
todos meus rascunhos
cavou
um buraco
enterrou-me
braços
presos
mãos amarradas
olhos vendados
amordaçado
levou
minha paz
deixou-me sem sol
sem céu
sem a mesma vontade
levou minha paz
enterrou-me
no passado de nós

FOI COVARDIA*

foi covardia
esperar
ver a noite
do seu lado
e me deixar sozinho
foi covardia
fazer-me
pedir
dois cafés
e não chegar
deixando
o café esfriar
foi covardia
matar
meus segundos de vida
fazer-me parar
sentado
sobre meus calcanhares
esperando
ainda
seu abraço
foi covardia
pedir
para a noite esperar
quando sabia
que não viria
ao encontro
foi covardia
deixar que minhas
últimas esperanças
virassem ervas daninhas
foi covardia

SEM REAÇÃO*

coração
morto
fica sem reação
não se encanta mais
não sorri mais
não sofre
não chora
nem se engana
coração
morto
vive
calado
dentro do peito
sem lágrimas
sem reação
não sente medo
não sente saudade
não sente
coração
morto
não se ilude mais
não bate mais
descompassado
coração
morto
fica sem vida
dentro do peito
sem reação
de alegria
ou tristeza
coração morto
ainda vive dentro do peito

TENTAR ME REDIMIR*

o que eu quero
é
tentar me redimir
dos meus fracassos
das minhas inverdades
das minhas contravenções
o que quero
é
tentar me redimir
dos meus abusos
é tentar me redimir
da minha falta de piedade
da compaixão
o que
eu quero
é andar sem culpa
é poder
andar
sem muletas
o que eu quero
é
tentar me redimir
de todas
as inverdades
é curar
os corações
e levantar olhares
o que quero
é poder
andar
em paz
com minha própria consciência

FEITO BOBO*

já fui
otário
capacho

fizeram
o que quiseram
fiquei
feito bobo
na crença
que podiam
levar-me
para o alto
já fui
crente de amores
não sou mais
fiquei
feito bobo
nas ruas
nas esquinas
plantado
querendo o amor
que me prometeram
enganaram-me
já fui
um pobre
pedinte
atrás
de restos e migalhas
feito bobo
na espera
de um sorriso
de um abraço

DEIXO-TE IR*

deixo-te ir
descobrir
novos amores
novos caminhos
deixo-te ir
descobrir
a vida
viver paixões
de momentos
deixo-te ir
voar
livre
para descobrir
quão amarga
ou doce
pode ser a vida
deixo-te ir
para que conheça
outros mundos
para que conheça
a grandeza
na natureza
sublime de deus
deixo-te ir
voando sem asas
pela imensidão
desse céu
desse mar
e fico aqui
esperando que volte
de tuas aventuras
deixo-te ir

DE JOELHOS*

de joelhos
choro
agradeço
de joelho
coloco-me
diante
da vida
de joelhos
sem medo
da submissão
sem receio
de me humilhar
de joelhos
fico
entre minhas
orações
e pensamentos
de joelhos
peço perdão
e me arrependo
não pode ser diferente
de joelhos
é que me dispo
de tudo
dispo
minha alma
de todos os meus erros
de joelhos
reconheço
minhas falhas
minhas dores
meus erros

29 de jun. de 2009

O MUNDO PERDE A COR*

o mundo
perde
a cor
quando
me faltam versos
mesmo
que versos
tristes
mesmo que versos
calados
o mundo
perde a cor
quando
não há
mais a beleza
do sorriso
quando
as palavras
saem
desconexas
e ofensivas
o mundo
perde a cor
quando
o amor
balança
o mundo perde
a cor
quando a poesia
se perde
e fica morta
no pedaço de papel

LEMBRANDO*

vou
vivendo
todos
os meus dias
lembrando
dos meus
mais diversos
ontem
lembrando
do meu passado
penso
nas vezes
que me perdi
nas vezes
que arrisquei
que me empolguei
que fui
impulsivo
vou vivendo
os meus dias
carregando
a minha cruz
não sei
se fui
ou se ainda sou feliz
vou lembrando
por onde passei
para ver se me lembro
onde me perdi
vou
vivendo
todos os meus dias

LEVOU MEUS SONHOS*

levou
meus sonhos
deixou-me
sem nada
deixou-me
nu
andando
pelas ruas
de pedras soltas
levou
meus sonhos
deixou
meu eu
sem nada
levou
tudo
o coração
os pensamentos
deixou-me
feito
grito
que bate no vazio
levou
meus sonhos
sem perguntar
se podia
deixou-me
nu
na chuva
nas ruas de pedras soltas
levou meus sonhos
e me deixou aqui

JAMAIS VOU DEIXAR DE TE AMAR*

jamais
vou deixar
de te amar
como
poderia
não há como
teu amor
é meu tudo
meu porto
meu ar
minha paz
jamais
vou deixar
de te amar
porque
te amo
mais e sempre
te amo
mais
teu jeito
sempre manso
teus gestos
sempre equilibrados
jamais
vou deixar
de te amar
porque amo
tudo o que vem de ti
amo
este teu amor
jamais
vou deixar de te amar

FORÇA DO CORAÇÃO*

eu sempre
acreditei
na força
do coração
eu sempre
fui movido
por essa força
que me fazia
gigante
eu sempre
me agarrei
na força do coração
achando que eu
ia poder mudar
o mundo
mudei
apenas
meu mundo
a maneira
de ver o mundo
e viver a vida
eu sempre
acreditei
que o amor
pudesse mais que tudo
não sei
se acredito
mais na força
do coração
no poder do amor
eu não sei mais
no que acredito

OUTRA NOITE*

outra noite
esperando
que o sono
venha
outra noite
e os papéis
ainda em branco
outra noite
arquitetando
dias melhores
outra noite
de confusões
e luzes apagadas
outra noite
de café amargo
de banho morno
e pés no chão
outra noite
na cadeira de balanço
esperando
que o dia nasça
carregado
de emoções
outra noite
terminando
e os papéis
ainda em branco
sem memórias
sem passado
as velhas horas
outra noite
acordado

POR QUE SE IMPORTAR*

por que
se importar
não é
tua a dor
nem teus
momentos
de solidão
por que
se importar
se a tristeza
não é tua
e as aflições
não te pertencem
por que
se importar
se as lágrimas
caem
e morrem
secas no chão sujo
por que
se importar
com dores
que não são tuas
por que
se sorrir
é melhor
por que fazer
se a vida
é bela para ti
por que
se preocupar
com os pensamentos
que não são teus

QUEM PERDEU FUI EU*


quem perdeu
foi eu
quem deu
a cara
para socarem
foi eu
quem se expôs
foi eu
foi eu
quem falou
dos amores
já sentidos
das saudades
que ainda vem
dos fantasmas
que ainda
assombram
meus sonhos
quem perdeu
foi eu
acreditando
tendo a certeza
que tudo
era eterno
foi eu
quem deu a cara
para que os arames
fardados do destino
arrancassem meu sorriso
quem perdeu
foi eu
tudo o que eu amava

VACILEI*

achando
que podia
vacilei
e voltei
machucado
ferido
achando
que podia
voar
vacilei
e cai
do alto de mim
achando
que podia
amar
sem saber
que o amor
é fogo
sem saber
que amor
é faca
de dois gumes
vacilei
achando
que sabia
sonhar
achando que meus sonhos
libertariam-me
vacilei
pensando conhecer
meu todo, meu eu
vacilei

QUE COISA ERRADA*

que coisa
errada
amar
amando
que coisa
errada
jurar amor
eterno
e se perder
nas próprias
juras de amor
que coisa
errada
ficar
em dois corações
machucando
dois corações
com promessas
vazias
não se pode
amar
amando
não se pode
fazer promessas
e amar
dois amores
que coisa errada
ficar
brincando com sentimentos
ainda nobres
ainda com alguma valia
que coisa errada

EU NÃO DEVIA*

eu não devia
mais
crer
nas mentiras
que invento
eu não devia
mais
crer
nos dias de sol
mas ainda
creio
ainda
acredito
confio
eu não devia
ainda
ter a fé
a velha fé
cansada
dos meus dias
eu não devia
mais
crer
no amor
na capacidade
que tem o coração
de se regenerar
eu não devia
amar
ainda amo
ainda creio
o amor que sinto

MEDO DE ACORDAR*

tenho
medo de acordar
e ver
que nada mudou
sentir
que a vida
segue
ainda o mesmo
curso
do mesmo rio
de águas calmas
tenho
medo
de acordar
sem inspiração
tenho
medo de acordar
e perceber
que tudo
foi
ledo engano
tenho medo
do destino
ser o que se desenha
todos os dias
medo
de acordar
e perceber
que não há nada de novo
e que tudo
se repete
dias e dias e dias

ÚLTIMO ADEUS*

ontem
foi
o último adeus
que demos
não resta mais
nada de nós
ontem
tudo ruiu
de vez
nossa voz
se calou
nosso amor
morreu
e demos
no silêncio
o último adeus
ontem
um de nós
gritou
a liberdade
um de nós
chorou
a partida
ontem
no último adeus
não houve
palavras
nem lágrimas
apenas chaves separadas
fotos rasgadas
e a saudade
que ainda reinará
absoluta por dias

SAI DA MINHA VIDA*

sai
da minha vida
solidão
sai
do meu lado
sai
dos pensamentos
da minha noite
dos meus dias
sai
da minha vida
das minhas horas
deixa-me
quieto
com minhas neuroses
com minhas
insatisfações
com minhas imperfeições
sai
da minha vida
solidão
tire
seus espinhos
do meu peito
vá em busca
de outro alguém
deixe-me
quieto no meu canto
sai
da minha vida
para sempre solidão
sempre dolorida

CORAÇÃO BOBO*

coração bobo
que se encanta
que ainda
se enfeitiça
coração bobo
que sofre
que esquece
os tapas
que esquece
tudo
coração bobo
que fica
de lá para cá
na corda bamba
coração bobo
que não
sabe mais
o que é paixão
o que é amor
sentimentos
verdadeiros
coração
bobo
que se entrega
a tudo
sem sentir
coração bobo
viciado
em qualquer gesto
de encantos
coração bobo
viciado na dor

PELO AVESSO*

estamos
sempre
na contramão
de nós
sempre
pelo avesso
dizendo
coisas
que não entendemos
e que fazemos
questão
de dizer
andamos
correndo
em direção
contrária
remando sempre
em sentido
oposto
estamos
sempre
pelo avesso
de um amor
sempre
conflitando
sentimentos
e força nas palavras
estamos sempre
unidos
pelo avesso
de tudo o que sentimos
avesso de nós

TUDO O QUE EU TINHA*

desfiz-me
de
tudo
o que eu
tinha
desfiz-me
dos laços
dos acasos
das fúrias
desfiz-me
de tudo
o que achava
que era meu
o amor
que movia
as engrenagens
do meu coração
desfiz-me
do coração
de tudo
o que eu tinha
desfiz-me
do melhor de mim
e do meu pior
das lágrimas
mortas
no chão
e das folhas
secas
que o vento levou
desfiz-me
de tudo o que eu tinha

NADA DE ERRADO*

nada de errado
nada
de mágoas
nada
que me faça pior
nada
que me derrube
atitudes
apenas
que chacoalham
meu eu
nada de errado
nada
mais de
palavras
de espelhos
de momentos
que passam
nada que me deixe
fraco
carente
ausente
nada de errado
nada mais
que possa
desvirtuar
nada mais
que desmorone
as montanhas
onde construo minha cabana
para fugir quando
tudo dá errado

VONTADE DE VOCÊ*

vontade
de ti
de saber mais
de conhecer
teus instintos
tão camuflados
vontade
de ti
de estar
olhando
teus olhos
estar
quieto
sentindo
tua presença
vontade
de ti
de deixar
que tudo em ti
aconteça
em mim
vontade
do gosto da tua boca
e da maciez
dos teus lábios
vontade
de misturar
nossos perfumes
numa mesma pele
vontade de ti
de me transformar
de me levar no vento para ti

LONGE DE MIM*

longe de mim
do meu amor
pensamentos
longe
de tudo
o que sinto
longe
da minha saudade
longe
das minhas origens
da minha cultura
do meu jeito
de viver
longe de mim
das minhas
estradas
da minha
terra
longe da minha gente
longe
de mim
dos meus papéis
e canetas
longe de mim
confinado
nesses cárceres
longe de mim
dos meus instantes
de silêncio
da minha harmonia
longe de tudo
que me conduz
pelas veredas da paz

26 de jun. de 2009

TEMPO PERDIDO*

nenhum
tempo
é tempo perdido
sempre
aprende-se
algo
mesmo
que negue
renegue
nenhum
tempo
é perdido
nenhum
tempo também
volta atrás
viveu
já era
nenhum tempo
é tempo
perdido
mesmo
não querendo
ficam rastros
cheiros
pegadas
nenhum tempo
é esquecido
largado
num papel
amassado
tudo vive tudo
nada se esquece

NÃO VÁ EMBORA*

não vá
embora
há muita
roupa suja
jogada
no chão
não vá
embora
com meias
palavras
não vá embora
deixando
incertezas
mágoas
e más impressões
não vá
embora
com a máquina
cheia
de roupas
para lavar
não invente
desculpas
para depois
precisar voltar
não vá embora
levando as chaves
leve a roupa
leve tudo o que é seu
não deixe nada
nem seu amor
nem suas palavras

CHAMA DE SENTIMENTO*

não
deixe
que qualquer
vento que sopra
apague
a chama
do sentimento
não deixe
que qualquer
pedra
no caminho
machuque
seus pés
e façam
você desistir
não deixe
que qualquer
palavra
acabe
com a certeza
que há em você
não deixe
que maculem
seus sentidos
e suas verdades
não deixe
que apaguem
a chama do sentimento
verdadeiro
que existe em você
você é bem mais
luz que não se apaga

LUZ DA MINHA VIDA*

luz
da minha vida
do meu caminho
razão
que me faz parar
que me faz pensar
aquela
que me acalma
que me espera
debruçada
na janela
até me ver chegar
luz
da minha vida
o perdão
que me faz forte
a certeza
que me faz seguir
e me faz voltar
luz
que me guia
entre as trevas
luz
que rouba
meu medo
luz da minha vida
luz que mantêm
acesa a chama
do amor que sinto
por você
luz da minha vida
minha razão, meu equilíbrio

TEMPERO DA VIDA*

gosto
da vida
temperada
de aventuras
não
gosto
dessa vida
pacata
vida sem graça
e sem sabor
gosto
da pimenta
do cury
gosto
do sabor
quente do gengibre
o gosto
do alho
gosto da vida
temperada
de erros
gosto
da ousadia
não sei
viver
uma vida branca
branda
de todos os dias
como todos os dias
não gosto
de nada sem sabor
muito menos a vida

TIMIDEZ*

que a
timidez
não impeça
seu sorriso
que a
timidez
não impeça
sua luz
de iluminar
que a
timidez
se perca
quando as palavras
nascerem
fortes
da sua boca
que a
timidez
não rasgue
sua vergonha
nem dispa
seu caráter
que a
timidez
não seja
obstáculo
seja apenas
algo seu
que a
timidez não
cale sua voz
nem apague
o brilho da sua luz

UMA VEZ NA VIDA*

uma vez
na vida
quero poder
dizer
que tive
sorte
uma vez
na vida
na minha vida
quero poder
abrir
a porta
e ver minhas pegadas
uma vez
na vida
quero
poder gritar
ao mundo
minha felicidade
uma vez
na vida
quero poder
dizer
que acertei
andando
pelo caminho
que escolhi
caminhos que me fizeram
forte
uma vez
na vida quero poder
gritar que acertei

MAGOEI MINHA DOR*

amando
quem não devia
magoei
minha dor
ainda mais
minha dor
que não cura
que não passa
que não sara
antes
o remédio
fosse
o amor
descobri
que não se sabe amar
descobri
que amando
errado
destruo
a capacidade
de regenerar
meu coração
magoei minha dor
amando
errado
e aprendi
que não sei amar
aprendi
que só se aprende amar
amando
e que magoar
faz parte de vem em quando

NOITES VAGAS*

vaga-lumes
mariposas
a solidão
de quem escreve
a solidão
de quem
para não ver
apaga a luz
vaga-lumes
na vaga noite
grilos
e cigarras
rompendo
o silêncio da noite
noite vaga
para quem
escreve
sob a luz
de um abajur
vaga-lumes
que entram
pelas janelas
abertas
mariposas
que batem
nas paredes
cegas
procurando a luz
e o calor
do abajur
noite vaga
sob a luz do abajur

NÃO VIVO SEM VOCÊ*

como
podem
duas vidas
se entrelaçarem
dessa maneira
como
pode
essa necessidade
do outro
se fazer tão forte
como
pode o outro
ser tão marcante
em nós
e nos deixar
sem ar
sem chão
sem horizonte
como
podem
duas pessoas se perderem
em si
e não ver mais nada
e não fazer mais nada
como a vida
pode acontecer
em duas vidas
tão unidas
e o amor
unir assim
dois corações em um
não vivo sem você