31 de out. de 2009
SE ISSO TE CONVÉM*
te abraça
e tu
nada falas
se isso te convém
abraças
então
a solidão
.
se à noite
as nuvens
insistirem
em não te deixar
ver a mais
bela de todas
as luas
e se isso te convém
feches as janelas
as cortinas
e desenhes a lua
num pedaço de papel
.
se isso te convém
deixes
os livros
pela metade
apagues a luz
e fiques encolhido
no teu mundo
vivendo
ainda dos sonhos
que não
tem coragem de viver
.
se isso te convém
deixes
tudo como está
GRITE LOGO*
acontecer
grite logo
grite alto
para o mundo
todo ouvir
se o amor
chegar
assim sem
mais nem menos
grite logo
sacuda
os alicerces
jogue confetes
fale da felicidade
que sente
se o amor
vier
de um jeito manso
deixe
o coração
ser aberto
assim como braços
e os abraços
permaneça leve
grite logo
grite alto
e fale desse amor
É SÓ QUERER*
fazer tudo
ser diferente
fazer tudo acontecer
é só querer
que haja sempre
o perfume
e as flores
no caminho
é só querer
o amor
e nada mais
é só
querer
dias de luz
dias de paz
e nada mais
é só querer
e fazer com que
as coisas
aconteçam
sem deixar
os pés plantados
no chão
sem deixar
as asas atrofiadas
e a mente sem poder sonhar
é só querer
voar
decolar
descobrir novos mundos
e sonhar
sempre
que os olhos estiverem
fechados
PALAVRAS SÃO ERROS*
mais nada
palavras
são erros
e hei de errar
sempre
falando
o que não tenho
que falar
.
ficarei
calado
no meu canto
sem papel
sem caneta
de boca fechada
.
palavras
entregam
sempre
o que se pensa
palavras
sempre
confessam
o que está escondido
.
ficarei
dias e dias
sem dizer
nada
palavras são erros
já não quero mais
errar
pelas palavras
que digo
.
como fazer
como calar
como deixar
de lado as palavras
30 de out. de 2009
NOVELA
não é novela
qual dia
não se escreve
tudo novo
nenhum dia
é igual o outro
nenhum vida
a mesma vida
nenhum
imóvel
qual vida
não é livro
conto de fadas
escrito a lápis
ou a caneta
marcando as páginas
em branco
que vem a seguir
qual vida
não é música
trilha sonora
para outra vida
qual vida
não serve de roteiro
para tantas outras esperanças
para tantos outros sonhos
qual vida
não se espelha
nos mesmos
ventos que
ventaram ontem
toda vida
novela
sem fim
ESSE FILME
já assisti
mais
de cem vezes
já assisti
em branco
e preto
já assisti
colorido
já dormi
sai na metade
cheguei no fim
esse seu filme
eu conheço
de cor salteado
sei como começa
como termina
quem é a mocinha
quem é o héroi
o bandido é claro
faço passo
dessa sua história
ajudei
você
escrever esse filme
seu filme
com final que pra você
feliz
pra mim
bandido
não sei
VER O QUE É BOM
quero
ver apenas
o que é bom
aquilo que me agrada
tudo o que me sustenta
o que não prestar
amasso
jogo fora
descarto
de você
quero
apenas
a bondade e a ternura
quero
apenas
o que for bom para mim
para minha sobrevivência
o resto pode
dar pra quem quiser
quero somente
o amor que me cabe
e desse
amor
ver o que é bom
o que vale a pena
de resto
pode doar pra quiser
o resto
que sobrar desse amor
NÃO POSSO PARAR
parar
de pensar em você
já está em mim
em tudo
o que sinto
não posso
esquercer
de lado
o que quero
o que me faz viver
você me faz viver
como
posso parar
de querer
e tudo que é meu
já está ligado
a você
não dá
não posso parar
deixar
de lhe amar
como posso parar
de sentir
de pensar
tudo está tão vivo
em mim
aceso
não posso parar
de sentir
e correr o risto
de morrer
PARANÓIA
obsessão
esse jeito
de querer
está virando
paranóia
esse gostar
não deve amar
assim
querer assim
fazer disso
todas as suas razões
seu porto
mais que seguro
é quase
uma doença
loucura sem cura
paranóia
sem razão
de noites em claro
pensando
querendo ter certeza
se tudo está
como antes
é paranóia
fica rondando
vasculhando
querendo achar
vestígios
assim
tudo
é
agindo assim
tudo será
sem
vesígios do nada
FORJADO
forjado
ao meu
só não quero
um amor
forjado
um amor
de máscaras
quero um coração
que se funda
com o meu
que sinta
falta
quando
não estiver
perto
quero um coração
batendo com o meu
preciso
de um amor meu
um amor
sem esmolar
um amor
não quero um amor
me não amanheça
do meu lado
um coração
forjado ao meu
areias de uma mesma praia
para sempre
ou enquanto durar
em mim
só quero
o amor
que me cabe
um amor
sem esmolas
um amor de todos os dias
INOFENSIVOS
não ferem
não matam
meus abraços
inofensivos
sem antídoto
meus beijos
esquentam
mais não prendem
meu corpo
pode ser veneno
pode ser refúgio
pode ser o fim
luz
escuridão
meu amor
é inofensivo
não seguro
nem chamo
apenas ardo
em minhas noites
em dias
em todos
os meus momentos
meu jeito
de ser
livre
meu jeito
livre de voar
sem ter nada
que me prenda
sem ter nada
que me segure
meus beijos
são inofensivos
meu amor
único
meu jeito de amar
é meu
amo
e ensino
quem sabe amar
JÁ ROUBEI DEMAIS
demais
seu tempo
seus momentos
agora
vou ficar
em silêncio
já não posso
mais roubar
demais
ainda
sua vida
vou ficar
na minha esquina
de sempre
fumando
bebendo
já não vou
respirar
o mesmo ar
nem querer
mais teus beijos
já roubei demais
não quero mais
nada
que não seja
definitivamente
meu
mesmo que precise
mesmo que me sinta só
vou ficar aqui
na minha esquina
no meu banco
de momentos
esperando
quem sabe
um dia me olhe
como nunca me vi
e me veja
como nunca me olhou
já roubei demais
de mim
a minha paz
NÃO ENTENDO
esse seu
amor
esse jeito
de amar
esse jeito
tão presente
e tão distante
não entendo
e pra que
querer entender
melhor viver
sem questionar
pra que encucar
melhor
sentir o momento
que o seu silêncio
não entendo
esse seus modos
esse jeito
de amar
que enfeitiça
o que há no seu olhar
o que há
na sua pele
como pode
me prender assim
me deixando livre
não quero entender
nenhum
de tantos motivos
dos seus motivos
não quero arriscar
perder
teu calor
nas minhas noites
frias
não entendo
o que não deixa você
ficar de vez
em mim
quero saber que voa
e sempre
pousa em mim
VAIDADE
se for
não ligo
quero gostar
cada vez mais
quero flutuar
viajar
e morrer
de amor
é vaidade
vaidade
de quem ama
e vive de sonhos
de tantos
sonhos
que importa
não importa
querer
gostar
amar
se dar
e ter
se ter
é vaidade
coisa de quem ama
demais
só se ama assim
só vale a pena
a amar
se perder
o folego
o rumo
só assim
amar assim
não ligo
ainda espero
EXAGERO
é exagero
não te querer
impossível
calar
esconder
dizer que
não sinto nada
exagero
é deixar-te
no teu canto
não quero
perder
nenhum desses
tao poucos
momentos
e quem sabe
ganhar
o beijo
e me lambuzar
da tua boca
e beber
no teu corpo
não é exagero
te querer
como te quero
meu bem
estar
está em ti
no sorriso
e nos braços
que ainda
imagino me acolhendo
eu te sinto
e te acho nos meus sonhos
não é exagero
e se for
pra mim
melhor
DIA NEGRO
não tem sol
hoje
nada além
de um hoje
sem graça
dia negro
dia sem luz
hoje
como
tantos hojes
passados
dia
sem sombra
sem vida
sigo
rastejando
com corpo ainda
em farrapos
sigo
por aí
levado por instintos
hoje
chove
em mim
eu sem guarda-chuva
sem roupa
andando
sem bússula
dia negro
como uma rotina
de lógicas
em mim infundadas
imprecisas
tão certas
hoje
vou ficar
nessas minhas ruas
largas
sem sol
com chuva
e eu
sem guarda-chuva
26 de out. de 2009
VÁ EMBORA
Vá embora
Deixe
Meu coração
Sangrar
Até morrer
Não precisa
Ficar
Não quero sua dó
E seus sentimentos
Que não sejam
Iguais
Ao amor
Vá embora
Antes
Que tudo
Morra
E não fique mais
Nada
Não quero
Sua caridade
E seu coração vazio
De mim
Vá embora
Antes que
Chegue o amanhã
E eu tenha a certeza
Que de verdade
Não valeu à pena
RISO INDECENTE
É sempre
Da mesma maneira
Sempre
Na mesma hora
Quando
Não tenho mais
Chão e nem
Amor
Há meu peito
É sempre
Assim
Quando a poesia
Vem me desnudar
A alma
Surge
Você com seu riso
Indecente
Colocando a prova
O que sinto
E tudo
É sempre
Nos meus momentos
Mais incertos
Nas minhas noites
Mais longas
Que vem você
Tirando-me a paz
Com seu riso indecente
EU VEJO DOR
Eu vejo dor
A mesma
Dor
Que me assombra
As noites
Vendo tantos
Corpos
Jogados
Descobertos
No chão frio
Eu vejo dor
A dor da saudade
E do esquecimento
Em cada rosto
Em cada pedaço
De pão seco
Em casa ausência
De sorriso
Em cada desprezo
Eu vejo dor
Quando caminho
E vejo gente
Jogada
Sem uma casa
Sem uma parede
A mesma dor
De sempre
Eu vejo dor e sinto a dor
FICO TONTO
Fico tonto
Diante
Da tua beleza
Que morre
Um pouco
A cada dia
E choro
De tristeza
Fico tonto
Ainda
Quando tua boca
Beija a minha
E sinto
Ainda
O nosso mesmo amor
Fico tonto
De prazer
Quando tocas
Meu corpo
Como sempre
E juras
Ainda o mesmo
Amor
De sempre
Fico tonto
De paz
Quando deitas
Sobre meu peito
PIORES COISAS
HOJE VOCÊ
Hoje você
Ontem não sei
Nem amanhã
Pode ser
Que ainda
Haja
Todas as razões
Ou razões
Para esquecer
Hoje você
Amanhã
Não sei
Talvez
Se sentir
Que ainda
Há compaixão
Se no lugar
Da dor
Amor
Hoje você ainda
Depois
Não sei qual
A melhor
De nossas horas
Hoje você
E um momento
Depois
Nada mais de mim
Nem de você
POR CIMA
Por cima
Dos muros
Vi
Um novo mundo
Um mundo
Que não via
Do chão
Da terra
Sempre fria
Por cima
Voando
Por todos os mundos
Vi cada pessoa
Uma
Entendi
Cada pessoa
Única
Por cima
Além
De todas as nuvens
Bebi
Um pouco
De todos os ventos
Antes De por os pés
De volta
Nessa terra fria
Tão sem graça
Tão sem vida
NÃO QUERO CHORO
Não quero choro
Chega de lágrimas
Cessem
As lamentações
Ainda vivo
E viverei
Quem por muito tempo
Não sei
Nem Deus
Talvez
Nem ele
Não quero choro
Nem dor
Não quero cochichos
Nem ventos
Quero apenas
O silêncio
Nenhuma dor demais
Nada deve doer
Demais
Não se agüenta a dor
Nem eu
Muito menos Deus
Não remorso
Depois da partida
Vivo
E viverei
Por algum tempo ainda
APRENDIZ
Serei
Aprendiz
Enquanto
For vivo
Não serei
Diferente
Serei
Sempre
Inconseqüente
Arriscando
Viver
Como sempre quis
Amando
Quem não devia
Serei
Aprendiz
O tempo muda
O tempo
Só eu não posso mudar
Nasci assim
E morrei
Desse jeito
Aprendiz
Ousado
Pobre
Inconseqüente
E mesmo que me xinguem
Imensamente feliz
AMNÉSIA
Esqueci
Você
Esqueci
Quem sou
Só
Não esqueci
O meu passado
E o que passou
Esqueci
O amor
De todos os frascos
O teu sabor
Esqueci
Minha horas
Na gaveta
E o meu corpo
Na cama
Esqueci
Você
E teu sorriso
Já sem graça
Só não esqueci
Do amor
Do amor
Não se esquece
Esqueci
Das nossas horas
Só não esqueci o que passou
MINHA ORELHA
Minha orelha
Está
Cansada
De ouvir
Suas inverdades
Meu corpo
Está cansado
De ficar
Deitado
Para que passes
Sobre mim
Não quero
Mais
Viver assim
Como teu capacho
Minha orelha
Meus sentidos
Coração dormente
Meu corpo todo
Cada parte de mim
Meus rins
Pulmão
Meu esôfago
Tudo dilacerado
Por tuas
Mentiras tão verdadeira
Minha orelha
Meu corpo inteiro cansado
AINDA SOU BICHO
Ainda sou bicho
Não sou homem
Nem nunca serei
Ainda
Tenho e sigo
Instintos
Ainda sou
O mesmo
Igual
A todos
Que passaram
Antes de mim
Ainda tenho fome
Sede
Do que não sei
Sempre quero mais
Uma pele
Que não a minha
Um corpo
Que não
O meu
Ainda sou bicho
Sempre
Nas sombras
De tantos ecos
Nada evoluído
O mesmo
De antes
NÃO ME TENTES
Não me tentes
A mentir
A enganar
Já menti demais
Já voltei atrás
Não me tentes
A ser de novo covarde
Ainda existe amor
Um pouco
De amor de seja
Não me obrigues
A rastejar
Isso não é mais
Amor
Não é nada
Não me tentes
A deixar
Destilado
O veneno
Do teu corpo
Maldito
Não me tentes
Se te seguir
Já conheço
Bem as curvas
Do teu corpo
Sei qual é o fim
De nós dois