7 de set. de 2014

MINHAS GLÓRIAS

quantas
vezes
perdi
para poder
ganhar
quantas
vezes
chorei
uma dor
que não era minha
pra poder
depois rir
uma alegria
quantas
vezes fiz
coisas que não queria
fazer
para agradar
quem me feria
para depois
devolver
todas as moedas
sem valor
quantas
vezes
andei por ai
com os pés no chão
quantas
vezes bebi
o mais amargo fel
quantos
pães
que o diabo amassou
e eu comi
pra depois
levantar
as glórias
que ninguém pode roubar
de mim

AMORES INVENTADOS

gosto
de mentir
sentimentos
gosto
de inventar
amores
que me fazem
um balão cheio
de ar
assim
posso voar
por ai
até que todo gás
se perca
e depois
eu possa
aterrisar
tranquilo
na realidade
que me sustenta
gosto
de mentir
para mim
de inventar
paixões
que possam aquecer
meus instantes
depois
posso voltar
a ser
barco à vela
sem vento
neste imenso
oceano de mim
e de tantos amores
descabidos
e inventados
 

PARA TRÁS


bom
andar
sem que ninguém
quais minhas dores
e o que eu carrego
em minhas costas
bom
andar
a favor
de um vento
que é contra
deixo
que ele me carregue
deixo
que ele me leve
deixo
que ele
me sinta
bom
andar
entre tantas pessoas
que não sabem nada
de mim
bom
ser mais um entre tantos
tantas dores
misturadas
e dissolvidas
em uma única dor
bom
andar
e deixar
tudo para trás

ÀS VEZES

às vezes
é preciso mesmo calar
ficar em silêncio
abduzido pelo tempo
às vezes
é preciso fingir
que nada aconteceu
e deixar
pra lá
tudo o que se viveu
a vida
é isso
sentidos
e sentimentos
valores
e lições
que se aprende
vivendo
às vezes
uma realidade
que não é a sua
às vezes
tendo um medo
que não é seu
muitas vezes
correndo riscos
desnecessários
mentir
às vezes
quantos mares
e quantas mares
quantos ventos
e quantos pensamentos
perdidos