17 de mar. de 2008

MEDO


não tenho medo
de olhar no espelho
tenho medo
de não saber mais
quem eu sou
medo de não mais
me reconhecer
tenho medo do meu
quarto
de quem se esconde
no meu guarda roupa
embaixo da minha cama
tenho medo
dos meus amigos
tenho medo de amar
medo de não amar
tenho medo de sofrer
medo de morrer
sem ter vivido tudo
que queria viver
tenho medo
dos dias que passam
das rugas que surgem
da memória que falha
tenho medo
do amanhã
me escondo no hoje

2 comentários:

  1. Poeta!

    O retrato do homem contemporâneo!!! A falta de tempo, a sensação de não ter vivido tudo o tinha que viver, o esconderijo no hoje. A solução do imediato, do já e do agora alimentando o círculo vicioso que remete ao início do poema. Excelente retrato do drama de nosso tempo. Abraços!!! Rô

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  2. Olá Eduardo

    Recebi este poema de uma amiga em meu email.
    Achei simplesmente perfeito e coloquei em meu blog, é claro, com os devidos créditos ao autor.
    Seus escritos são fantásticos, falam diretamente com a gente...é como se você contasse o que vai dentro de todos nós! Apaixonante!
    Um abraço e obrigada por nos brindar com tamanha sensibilidade.
    Mari

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