26 de ago. de 2008

AMARGURADO

amargurado
sem poder mais
pensar
sem poder mais
escrever
sem poder mais
sentir
amargurado
como se colocassem
em meus olhos
uma venda
e amarrassem
minhas mãos
e arrancassem meu coração
amargurado
olho para o relógio
parado
sem pilhas na parede suja
amargurado
nas minhas tardes
solitárias
em que não posso mais
pensar em nada
não posso mais
sentir nada
não posso mais
enlouquecer
amargurado
deixo a vida me engolir
deixo meu corpo
virar pó
sentado na calçada
olhando a noite chegar
para eu deitar
e dormir
sem pensar em nada
sem sentir nada

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