26 de jun. de 2010

RASGAR-LHE O CORAÇÃO

vou
se puder
rasgar-lhe o coração
quero
ver
quanto da sua emoção
é verdadeira
vou
se puder
falar das verdades
que precisa ouvir
vou
se puder
falar de mim
do que sinto
de como me sinto
e do amor
que escorre
pelas tuas
mãos vazias
vou
rasgar-lhe o coração
para que possa
enfim
vê-lo pulsando
em minhas mãos
para saber
se tudo o que dizes sentir
é verdade
vou rasgar-lhe
o coração
para dar-te meu silêncio
e minha paz

Um comentário:

  1. Décimo Terceiro Cálice


    As estrelícias esculpidas na seiva da voz
    Descem nos minutos da pétala à sépala
    Teu nome soa nelas que nem o albatroz
    Prestes a escorregar nas algas da fala
    Voo de vela em delta ao ângulo perfeito
    Esse de seres pêndulo que dentro do peito
    Me navega e marca horas se batendo cala
    Esse outro suspiro que voando me exala.

    É precisamente esse o tempo da reflexão
    Cujo vaivém me balança quando a lança
    E flecha de Cupido me alcança o coração:

    Porque entre as margens do zénite e nadir
    Há um porto de chegar, e outro de partir
    Incrustados no alvar murmúrio da Lua
    Naquele ângulo interno e esquina de rua
    Onde o vogar do crepúsculo mal soa a rasar
    A face tua no nicho que o oceano entoa.

    Balança, reflecte, te pinta, enfim rasga
    Em treze pedaços de mês por cada ano
    Iguais nos quartos como luminosa nesga
    Punhais, sinais de Arina reflexa e acesa
    Virtuais taças em que te bebo e chamo!

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