15 de jul. de 2014

QUIETO

Deixe-me
Em meu canto
Não tente entender o que sinto.
Deixe-me com minhas mentiras e todas as minhas sensações.
Não queria me tirar de onde estou.
Estou bem. Vagando... Andarilho... Barco sem porto... À deriva...
Deixa-me sonhar meus sonhos, viver meus delírios.
Deixe que este veneno seque sem me matar.
Não tente me entender.
Deixe meu querer livre....
Deixe meu amor ainda que estranho vaga sobre mim.
Não queria decifrar minha dor. Não queria viver meus sonhos.
É tudo loucura. É tudo fantasia.
Deixe-me então
Em meu canto
De solidão.
Preciso agora estar só
Para que todo esse sentimento
Sai de mim
Para que tudo escorra
Para este mar
Quero agora
Me perder
Sem ter pressa de me encontrar.
Deixe-me caído
Não queira me abraçar
Sempre sobrevive a mim
Sempre soube secar minhas lágrimas
Sempre soube suportar
Minhas dores
Se quiser
Sente-se ao lado
Não diga nada
Beba comigo o silêncio
Deixe que a dor inebrie teus sentidos
Encha seu peito
Deste vã amor
Olhe as ruas imundas
Olhe para o céu
Sem nuvens
Olhe para dentro do seu eu
E veja quantas lacunas
Deixe-me aqui
Deixe que minha alma
Cure-se por si só
Tropeços estão em mim
Arranhões
Espinhos
Sou feito de pesadelos, de sonhos,
De fugas, de percepções irreais.
Deixe-me aqui
Daqui a pouco
Nada mais existira
Poderei então
Voltar a viver
A realidade dos meus dias
Ainda assim
O amor
Estará eternamente em mim

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