15 de fev. de 2015

POR ACASO


eu andava a esmo.
sem sentido.
sem porque.
sem direção.
não pensava em nada.
não havia em mim nenhum existir.
estava nos meios dos desgarrados.
não estava perdido.
tinha consciência de onde estava.
só não sabia o que queria.
ela estava lá.
em meio aos loucos, aos viciados, aos degredados.
Olhos perdidos.
Buscava razão.
Sentido.
Olhamos para a mesma direção.
Palavras mudas.
 Os sorrisos estavam mortos.
A pele pálida.
Complacente.
Éramos nosso vício.
Vestíamos a mesma solidão.
Tínhamos os mesmos medos.
Éramos convergentes.
Divergentes.
Ali, éramos um.
Queríamos o mesmo nada.
Ficar apenas.
Sentados.
Olhando para o infinito naquela tarde plácida.
Bocas ainda caladas.
Sem vozes, sem nomes.
Sem nada.
Nos pés sandálias rasgadas.
A bunda era grande e de seios quase nada.
Olhou meus olhos.
Fitei os seus.
A noite apontava no largo céu.
De pé, fomos para nossos mundos tão diferentes.
Cada um pro seu lado.
Sem nome.
Sem memórias.
Sem culpas.
Sem passado.

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