Eu não conheço a vida secreta dos poetas de antigamente, mas posso
dizer pelo que li, que veneravam as mulheres. Bukoswki escreveu
mulheres. Foi casado, mas a vida presa a uma só mulher, não lhe cabia.
Vinícius de Moraes casou-se inúmeras vezes e também bebia horrores. Ouvi
dizer também, que Drummond tinha uma amante de anos. Pois é, eles eram
amantes de suas loucas mulheres. Confesso que é complicado escrever
inverdades sem viver e sentir. A escrita precisa de verdades. Precisa
de dor, de amor, de sentimentos. O poeta precisa sentir isso. Essa é
sua natureza e ela se completa na complexidade deste ser, chamado
mulher... O poeta ama todas as mulheres que podem dar a ele qualquer
verso e qualquer sensação de eternidade. O poeta ama as mulheres, como
se fossem rosas de um jardim. Alimenta-se delas, da beleza, do perfume e
da imaginação latente de amá-las e torná-las únicas. Para o poeta,
todas suas mulheres são únicas. São poesias escritas com verdades de
sentimentos. Ele vive essa utopia, esse delírio de amor. Ele consegue se
despedaçar para fazer uma mulher, sua musa de instantes. Nenhuma
mulher, para um poeta, é eterna. Ela é a poesia que se escreverá em
folhas e folhas em branco. O poeta deseja o corpo da mulher como papel.
Deseja escrever nelas, suas poesias. É louco, doce, apaixonado, amante,
mas incapaz de versejar apenas para uma mulher. Ele precisa das
fragrâncias de perfumes diferentes. Precisa de bocas e beijos. Abraços e
carinhos, mesmo que isso seja ficção. Apenas um ato da criação divina
que é a arte. O poeta não é um canalha. Canalhas não têm compaixão.
Mulheres são apenas vítimas. Para o poeta, mulheres são a razão. Não se
apaixone por um poeta. Goste apenas de seus versos e suas poesias. Ele
deseja apenas eternizá-la. Ele deseja apenas versejar... Não o ame. Ame
suas obras e saiba que ali, tem muito de você. Do amor verdadeiro que só
a alma de um poeta pode sentir... Eu sou poeta e parte de mim é homem
de instintos. Há sempre em mim a eterna briga de me separar... Há em mim
conflitos incomensuráveis. Desejos enormes de viver entre a verdade e o
sonho... Perco-me, às vezes e me acho e por quantas vezes me deixo
levar pela ficção do poeta e entendo que tais sentimentos não me
pertencem. Que o homem ama uma só mulher. O homem é mortal, falível,
trabalha, vive a realidade. Ah eu poeta, faço da poesia meu lençol.
Ah eu homem, faço da vida um quadro...
Eu versus eu.
Somos dois em um.
Se entender poesia, saberá diferenciar minhas verdades. Uma coisa eu digo, o homem não é tão doce e intenso como o poeta e o poeta não entende nada da realidade da vida...
Ah eu homem, faço da vida um quadro...
Eu versus eu.
Somos dois em um.
Se entender poesia, saberá diferenciar minhas verdades. Uma coisa eu digo, o homem não é tão doce e intenso como o poeta e o poeta não entende nada da realidade da vida...
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