30 de out. de 2014

E AGORA

e agora
silencio
meus monstros
meus demônios
minha voz
e como se tudo
dentro de mim
tivesse
sumido
ou se calado
ou...
e agora
fico
na minha inercia
na minha realidade
deixei
passar
as paixões
e poesia
virou
passado
e agora
sigo
para o fim de mim
para o fim de nós
para o fim que é certo
preciso
não quero mais
saber o que passou
o que senti
nem o que vivi
o segundo passado
já não me interessa
mais
o que eu escrevi
ficou para trás
e o que aprendi
é que o passado
é o lixo que restou de mim

POESIAS


o amor
mudou meu eu
não vejo mais poesia
nem sinto mais a mesma paixão
que eu sentia
agora
quero
estar sempre sozinho
agora
quero curtir um silêncio
infindável
o amor
aquele falso amor
derrotou
o que havia de melhor
em mim
e agora luto
e agora
todos dias são guerras
intermináveis
onde tento
me fazer renascer
das cinzas
que o vento levou
o amor
aquele amor inventado
fez de mim
o que não sou
e agora
não vejo mais poesia
em nada

TEMPO

o tempo
engole o próprio
tempo
e agora
pessoas correm
apressadas
atrás da vida
que perderam
atrás
dos amores
esquecidos
atrás
dos amigos 
que partiram
o tempo
engole
cada história
e transforma
o hoje
no agora
no instante
que se perde
há sede de vida
há sede de viver
e todos
ficam perdidos
correndo
atrás do próprio rabo
feitos
animais
sem faro
o tempo
engole o próprio tempo
e nos faz ainda
mais 
insensíveis
diante da vida
que grita 
a morte que se aproxima

24 de out. de 2014

DE COR

conheço
todos os meus medos
todos os meus demônios
conheço
meus pecados
e minhas fraquezas
meus caminhos
minhas voltas
reviravoltas
meus arco-íris
conheço
quem me anda
quem me segue
conheço
minhas pedras
minhas falhas
meus erros
minha intolerância
conheço
cada marca
do meu rosto
cada dor
que senti
e porque
senti tanta dor
conheço-me de cor
de cor
preto e branco
jamais
colorido

NÃO QUERO MAIS

não
não creio
no sorriso
de uma mulher
nem quero
mais
sentir
o perfume
dessa rosa
tão amarga
não
acredito
nas palavras
que saem de sua boca
nem quero mais
qualquer beijo
que me cale
a voz
não quero mais
abraços
vazios
e jogos
de sedução
quero
apenas olhar distante
para o que um dia
admirei
e quis para mim
flores
inteiras
no meu jardim
não acredito
mais
na sutileza falsa
da mulher

EM FRENTE

tenho que seguir
para frente
não importa como
se inteiro
ou despedaçado
tenho que fingir
sorrir
engolir
desamores
inverdades
pesadelos
tenho que ir
carregando
meu fardo
de ser como sou
não mais
como fui
nem sei mais
carrego
agora
apenas meu hoje
sem mais lágrimas
bambo
nessa minha corda
bamba
vivendo apenas
e querendo agora
não mais voar
quero ficar onde estou
onde me sinto bem
onde sou eu
e mais ninguém

PODE PARECER

eu sei
pode parecer
que tudo mudou
que tudo não é mais
como sempre foi
mas é
ainda sinto
o mesmo velho amor
de sempre
agora
não tenho mais
nenhuma ilusão
já vivi
amores
demais
eu sei
pode parecer
que tudo
está diferente
que não somos mais
os mesmos
e somos
inteiros
colados
como sempre
vivendo
nossa vida tão nossa
e já não é mais
amor
deixou de ser
é além
além do que se vê
além do que se entende
eu sei
nossa amanhã
é sermos
os mesmos de sempre
mãos dadas
num só coração

COMO ESTOU

estou indo
indo
passo a passo
vivendo
minha vida
dia a dia
sem olhar
para meu passado
sem querer
futuro
vivendo
minha história
meu presente
estou indo
bem
mancando
sagrando
crescendo
ascendente
estou bem
amado
amando
tentando sorrir
sem julgamentos
sem julgar
sem rancores
sem comédia
vivendo a vida
crua
sem sonhos
sem planos
estou bem
indo
para meu fim
querendo
para sempre
ser como fui
livre
liberto
sem passado
sem memória

ENVELHECENDO

cheio de dores
cheio de marcas
coração endurecido
alma cansada
tantos caminhos
tantas idas
perdidas
o corpo reclama
a alma chora
cheio de dores
cheio de cicatrizes
voz agora calada
poesia
agora muda
envelhecendo
sentado
ainda na beira
da estrada
da minha vida
tentando voltar
de um caminho sem volta
perdido
sem sorrisos
e vitórias
e lágrimas
e derrotas
cheio de dores
cheio de mágoas
despedaçado
e vivendo
a vida que me resta

MEU EU

meu eu
meu verdadeiro eu
morreu
morreu viciado
por invenções
de amores
tão sem sentido
meu eu
foi assassino
numa esquina
de uma vida qualquer
atropelado
pela ânsia
de viver
uma vida
de tantas ilusões
meu eu
ficou
ali jogado
coberto
estático
gelado
quebrado
sem amor
sem coração
sem alma
piedade
meu eu
morreu
foi atirado
no abismo
de todos os absurdos
que só o amor
consegue
fazer
dar
morrer
matar
 

SOMBRAS

sombra
minha poesia
agora é eco
sem voz
sombra
numa noite
sem lua
minha poesia
agora
é grito
entalado na garganta seca
é papel
em branco
é sujeira
que vicia
sombra
minha poesia
é sem sentido
é sem amor
sem paixão
é algo apenas
em mim
calada
solitária
por num caminho
diferente do meu
minha poesia
agora
é soluço
é saudade
lembrança
do que fui