20 de mai. de 2017

PERDIDO

perdido
sempre fui
sempre estive

sempre
fui
um cavaleiro errante

andava
por ai
a esmo
e amava todo amor
que me era dado

estou
agora
aposentado
não amo mais nenhum amor
mas continuo apaixonado

CONTÍNUO

continuo
o mesmo
louco

só que
menos
inconsequente

menos
desvairado

cada dia
menos
intenso

aprendi
a repensar
e a represar meus instintos

aprendi
a domar
minha fúria
e meu desejo por amor

mas
ainda
continuo
louco por amores

CONDENADO

sigo
condenado
a viver teu amor

sigo
acorrentado
neste teu sentir
que sempre
me fez existir

sou mais
teu
do que meu

sigo
teus passos
para que não mais
me perca
em qualquer caminho
em qualquer
pecado

ERROS

erros

me traíram mais

já me
fizeram
escravo

erros
já marcaram
minha pele
 já rasgaram
meu coração

erros
já mataram
todo amor que eu sentia
tudo
de bom que em mim
havia

ÉS

tu
és dor

és
pecado

fujo de ti
e do desejo insano
que me causa

fujo
feito louco
alucinado
e tropeço em teu caminho

tu és amor
na forma mais
perversa
e ainda assim
te quero

DEVE EXISTIR

deve
existir
alguma palavra
que jamais
tenha sido proferida
que toque
teu coração

deve
existir
um amor
ainda não sentido
para que possa
tocar tua alma

e te fazer sentir
amada
como nunca foi

deve existir um outro alguém

TUDO TEU

de dou
todas as poesias

planto
flores
em teu caminho

peço ao
vento
para soprar
brisa mansa em tua
fronte

e fico
ali
entre teus encantos
e meus sonhos

entre meus desejos
e teu silêncio

DEIXE POR AI

deixe
rastros
por ai
para que eu te encontre

deixe
por ai
vestígios
para que eu
não mais te perca
para um destino qualquer

deixa
na minha boca
o gosto do teu beijo
para que assim
eu jamais te esqueça

SEMPRE ABERTA

minha janela
estará
sempre aberta

para que teu
vento
me abrace

para que
teu perfume
me acalme

para que
sua alma
me encontre

nas noites
dos mesmo sonhos

minha janela
estará
sempre aberta
para que eu possa escutar tua
voz

ERROS

sigo
colecionando
amores errados
paixões de papéis
decepções

tudo
isso fizeram
ser quem sou

às vezes
meio tolo
por insistir em beijos
vazios

às vezes
herói
sem história certa

às vezes
um vento
que morre antes
mesmo de
soprar

19 de mai. de 2017

ESCREVENDO

escrevo
por escrever

para me esvaziar
para que nenhum fantasma cresça
para que nenhum amor floresça

deixo
o sangue escorrer

esvazio-me
por completo

assim
tudo morre
antes de nascer
e eu sobrevivo como sempre

JARDINS VAZIOS

vi flores
em jardins vazios

senti
perfumes
onde nem vento havia

amei
amores
que eram vertigens

tropecei
em estradas sem pedras
e me afoguei
em
mares de águas rasas

TANTAS E TANTAS

estas
tantas ilusões

estas
tantas saudades

algumas tristezas
cravadas
algumas ilusões

estas noites
perpetuadas em sonhos

manhãs
ainda adormecidas

e a
vida ali
parada, olhando
esperando para acontecer

EM TI

pega
teu vela
ilumina
o meu caminho

aquece
meu corpo
embriaga
minha alma

pega
segura minha mão
rasga minha roupa
me ama
em teu chão


FICA AI

fica ai
onde está
entre as flores
de folhas mortas
e o asfalto frio

fica ai
entre tuas verdades
e tuas mentiras
neste teu mundo de azul anil

fica ai
entre teus fantasmas
e teu idealismo.

eu passarei

ESGOSTO

vejo
este
esgoto fluir
e o que
posso fazer
se ele está no meu caminho

planto
flores
que os outros arrancam
pinto
o céu que os outros apagam

não posso
fazer nada
o esgoto vai fluir
até que um dia não reste nada


SER TEU VILÃO

deixa
sim
eu beijar tua boca
e morrer
deste teu veneno

deixa
eu amar
teu corpo
e me perpetuar
em tuas indecências

deixa
eu ser tua mentira
ser teu conto de fadas
deixa eu ser o vilão
da tua história

MEU DESERTO

quero
ficar
no meu deserto

sem sonhos
irreais

sem ilusões
desiguais

sem desamores

quero ficar
com minhas mentiras
e estas paisagens secas

tudo aqui
é minha realidade
sem mentira
sem engano

ETERNO APRENDIZ

aprendi
a não mais
amar

tranquei
meu coração
num labirinto
sem saída

joguei
e chaves fora
e o deixei ali
encarcerado
amordaçado
vendado

às vezes
injetava em suas veias
ilusões
para mantê-lo vivo

eterno aprendiz
aprendi a não mais amar

BASTAVA

sempre
brinquei
de inventar paixões
inventar amores
inventar romances

sempre
fui um carente convicto

bastava
um sorriso
e eu amava
como ninguém

sempre fui
assim
um tolo
um amante incorrigível


18 de mai. de 2017

DEIXA-ME

deixa-me
apenas
ficar na tua ausência

deixa-me
beber-te
nas minhas angústias

deixa-me
morto
nas horas passadas

deixa-me
nas tuas pegadas
em cada lágrima
que não mais ira cair

RASGOS

rasgo
tuas lembranças

rasgo
meu asco

minha repulsa
da pele morta

olho
olhares vazios

quebro
toda rotina
mato teu ego
me suicido
no teu silêncio

reviro
escombros
cinzas

e acho tua morte minha

SOB CINZAS

sobrevivo
ainda
andando
sob cinzas

ainda
bebo café amargo
na xícara da vida

vou
porque é o que
me resta
malas vazias

navalhas
cicatrizes
sangue ressecado
e ainda assim
sobrevivo

POR EGO

te quis
por ego

te quis
para saciar
meu desejo
pelo impossível

te quis
como trofeú
que jamais seria meu

te quis
como vitória
como conquista

te quis
como rua sem saída
como volta
como nada

FERIDO

do
amor
que foi
cinzas

da vida
rios

dos rios
choro

das lembranças
degraus

do que foi
volta

dos pedaços
cacos

carne podre
coração ferido

ILUSÕES

eu quis
emoções
que não eram minhas

amores
que não eram
meus

sonhos

eu quis
voar
sem ter asas

amar
acima de tudo
amar

eu quis
me achar em tudo
e em tudo
me perdi

ilusões

DEIXEI DE SER POETA

deixei
de ser poeta

já não vivo
mais
esta desilusão

acordei
sozinho
num emaranhado de poesias
que não escrevi

deixei
de ser poeta
agora
no vazio
das palavras que não digo
não digo nada
nem sinto

AUSÊNCIA

tudo
agora
é ausência

tudo
se foi
e o que ficou
morreu

tudo
se quebrou
rachou
secou

agora nada
ruas desertas
coração morto no peito

seco
calado
calafrio

MAR SEM ÁGUA

não é saudade
não é tormenta
não foi amor

não é nada
foi ilusão
espelho
sem reflexo

tropeço
engano
ledo engano
de um coração aflito

sem memórias
nem lembranças
barco à deriva
neste mar sem água

BRADOS FORTES

chega
de brados
fortes

chega
de bater
nesta tecla
quebrada

chega
deste barulho
na calçada

chega
de tantas promessas

chega
de partidas


em tudo
um silêncio morto
que não mais se escuta

17 de mai. de 2017

FLORES MORTAS

flores
te levarei
flores mortas

sem perfume
nem pétalas

apenas
flores mortas
e as cinzas
do meu descaso

e o hálito
azedo do meu estomago

e ainda
assim
te levarei junto
o amor
jamais entenderá...

PASSARÁS

um dia
passarás
por mim

cheia de sorrisos
como aquele olhar ardente
e cheia de malícia

a boca cheia de veneno

passarás por mim
e eu seguirei
incolume
sem olhar para trás

PENSO SENTIR

penso
sentir
e sinto

ainda que louco
qualquer desejo

penso
sentir
e logo tudo em mim
é fogo

incendeio
e me deixo queimar
e me consumo
e viro cinza
e voo ao vento
sem sentir mais nada

RUAS

ruas
veias
que nos ligam

nos unem
nos separam

escorrem
trazem
levam

desaguam

tantas ruas
e logo ali
o encontro de ruas paralelas

TE VEREI

te verei
em silêncio

ficarei
com minha janela
fechada
olhando
teu passar por mim

nada direi
não mais

deixerei
que o silêncio
fale por nós
o que jamais diremos

convexos

AINDA


ainda
escrevo

ainda
tenho
blocos de papel
em branco

ando
consumido
por tudo
pela falta de tempo
pela falta de mundo

ainda
penso poemas
só falta
estomago
para cuspí-los


DESENCONTRO

não saio
mais
para ver a lua

quando
saio
é a lua que se esconde

assim
também me retraio

sei
que nunca
nos veremos

sei
que ficaremos
como sempre ficamos
e onde
sempre estivemos

DE MAIS NADA


não gosto
de mais
nada

gostei
demais
de tudo errado

deixo
agora
o desamor cuidar
de tudo o que ficou


não amo mais

amei
demais
tudo o que para não ser amado

MEIO

ando
meio quieto
meio morno
meio cinza
meio morto

me falta
um pouco de sal
uma pitada de pimenta
um pouco de pecado

ando
meio aos passos lentos

meio quieto
meio morto

CHEIO DE AMOR

de
amor
ando cheio

amor
pelas vidraças
embaçadas

amor
pelas vielas sujas
desta cidade


amor
pelos olhos
que veem
o que o coração insiste em sentir