23 de mai. de 2018

STEFANY



É a menina dos olhos
Do coração
Da alma
Tão imensa
Que nem se dá conta
Primavera
Onde há dias de inverno
A paz que acalenta
O abraço que revigora
É gigante
Em sua natureza
Simplória
Cachos que encantam
Sorriso que alimenta
Dias de sol
Brisa
Olhar você
É sentir o perfume das flores
Não há quem não goste
Não há quem não se renda
Não quem não queira se embriagar
Com sua presença
O toque mágico de Deus
É simplesmente, suavidade...

LILIAN



É força
É forte
Não se esconde
Se assume
Brada forte injustiças
Sabe ser
É és
Coerente
Implacável
Se não quer
Se molhar
Não sai na chuva
Intensa
Imensa
Calor do sol
Verão
Ainda assim
Terna
Fraterna
Justa
Não cala
Fala
Marca, fica

14 de mai. de 2018

DE VERDADE

pode
ser
que de verdade
eu nunca
saiba
quem és tu
que me importa
quais
tuas mentiras
ou tuas verdades
teus amores
ou teu amor
não há pecado em amar
desde que verdadeiro
desde que sincero
desde que intenso
então
não me julgue
por te querer
e se te quero
a culpa é tua
foste tu
que alimentaste
meu querer
foste tu
que alimentaste
o fogo que me queima
foste tu
que me induziste
ao erro
agora queimo no inferno
de um amor
que é só meu
enquanto debochas
do que sinto
de verdade
que importa
o que sentes
se mentes
ou se foges
de ti
estarei aqui
até que o amor morra
em mim
depois disso
pode despir tua alma inteira
já irei mais
te querer
e de verdade
já não mais te quero

DEIXE O MUNDO LÁ FORA


feche a porta
as cortinas
não quero ver o sol
nem a quero saber a cor
do dia

deite na cama
abraca-me
e deixa
ficar em silêncio

deixa
eu esquecer
o mundo lá fora
minhas dores
meus sintomas
de tudo

feche a porta
arraste os móveis
tire as cadeiras do lugar
jogue fora os travesseiros
bagunce as gavetas
minhas prateleiras
jogue no chão meus livros

deixe minha alma
quieta
ando cansado de tudo
apenas fique na cama sem lençois
no meu silêncio imundo
neste meu agora de instantes

feche a porta
e as cortinas
e deixa o vento lá fora

LIBERTE-SE

liberte-se
quebre
tuas algemas
os elos da tua corrente

liberte-se
da velha
forma de amar
o velho amor de sempre

mova-se
mude o caminho
o jeito de se vestir
mude o corte de cabelo
se for possível
mude a cor

liberte-se
dos labirintos
da fome de nada
da sede de tudo

liberte-se
dos braços vazios
das bocas ocas
dos ecos

abrace o vento
dispa-se do medo
de ser ridículo

seja tu
a tua verdade
a tua estrada
o teu caminho

deixe pegadas
deixe saudades
liberte-se do teu próprio caos

QUE VALHA À PENA


que valha à pena
teu sorriso
teus afetos
tua fé em dias melhores

que valha à pena
teu amor
teu jeito de amar
que sentir

teu jogo
de insinuações
teus melindres
e tuas poesias rabiscadas
nas paredes do meu quarto

que valha à pena
passear
pelo teu mundo
por tuas convicções

que teus abismos
sejam imensos
e teus mares profundos
e tuas asas

que valha à pena
teu riso frouxo
tuas mãos
tuas cicatrizes

e teu amor
sem amor algum

CONEXÕES

não fale nada
deixe-me
ler
teus olhos
teu silêncio
as linhas da tua mão

deixa eu olhar
teu jeito
de andar
teu modo gostoso
de respirar

quero
deitar
do teu lado
pegar sua mão
fechar meus olhos
e ter você
ali

conectados

quero
no vento teu perfume
na minha pele teu cheiro
deixe-me inteiro
saciado

ler
tuas entrelinhas
teu jeito de sentir
ver as estrelas
do céu da tua boca

deixa-me perdido
em tudo o que há em você

VOU AMAR

vou amar
teu jeito
sem jeito
vou amar
tuas falhas
e teus pecados
e tuas agressões
vou amar
tuas noites
teu hálito de vinho
e os dedos
fedendo cigarro
vou amar
tua intimidade
teus beijos
vou amar
o jeito que faz café
que queima o arroz
vou amar
teu riso
sem graça
por não entender
as próprias piadas
vou amar
a água sobre teu corpo
a espuma
os pés descalços
teus indecisões
e o teu medo de escuro
vou amar
teu jeito moleca
teu jeito criança
teu jeito de comer espaguete
vou amar
tuas nuances
tuas unhas descascando
tua cara de azia
e o teu jeito
inteiro de ser você

FODAM-SE

fodam-se os normais
os que julgam
os que apontam
os erros
e os defeitos dos outros

fodam-se
os engoles
seus vômitos
e suas feridas

fodam-se
os que assistem televisão
e não lêem poesia

fodam-se
os que seguem rotas
rótulos
setas
placas

fodam-se
aqueles que não erram
aqueles que só esperam
aqueles que metem o amor que sentem
e o que não sentem nada

fodam-se
os malandros
os algozes
e os que não lêem as bulas
os manuais

fodam-se os manuais

MAR

de repente
quero
ser teu mar

de repente
já não sei mais
onde estou
e onde quero estar

nem perdido
nem achado
apenas

de repente
quero tuas ondas
minha loucura
e ir
navegar
remar
sem porto
nem dique

quero
deixar de sentir
para sentir tudo de novo

quero o teu mar
amar
e me deixar levar
até a praia

quero que o sol me seque
e que o mar
volte a me molhar

instantes
quero chuva
arco-íris
teus olhos
boca

respiração
quero tudo
ainda que depois
tudo seja mais nada

FICAR

quero
ficar
onde não exista nada
nem olhos
nem bocas
nem mentiras
nem verdades

quero ficar
em ruas vazias
quero jardim
sem flores

quero silêncio
e bocas mortas
quero becos
e rua sem saída

quero janelas fechadas
quero dias de chuva
quero mais dias de inverno
quero queimar no inferno

quero cada vez menos
essa droga que é o amor
quero a dor
o desajuste
e ir
e ficar

quero ficar
sem obrigações
sem ter que dar satisfações
quero noites sem fim
e dormir
até que meus sonhos findem
minha realidade

E AGORA DRUMMOND

e agora Drummond
a poesia calou
o poeta morreu
a violência aumentou

a crianças cresceram
as praças estão vazias
e o amor
já não é mais o mesmo

e agora Drummond
só se assiste novela
não se olha mais pela janela
nem mais se olha a lua

o sol esfriou
a comida azedou
e o casal que era eterno
separou-se

a pedra no caminho
ainda existe
mudou apenas de nome
agora é crack

e agora Drummond
a fila aumentou
o suicídio também
a maconha tá liberada
tem filho matando os pais
e pais abusando dos filhos

todo mundo sobrevivendo
as flores morrendo
e a água secando

agora Drummond
nada é mais certo
e cada vez mais
o amanhã
é incerto

é agora?

6 de mai. de 2018

VAMOS FAZER AMOR

antes
que a tarde
morra
e a noite
nos abrace
e nos faça esquecer
vamos
ficar abraçados

vamos
fazer amor
sem pressa

e depois
rir de nós mesmos
vamos
ficar ali
suados
perpetuando
nosso amor
de sempre

antes
que a noite
chega
vamos nos tirar nossas
roupas
e ficar pelados
de alma

vamos beber
saliva e enxarcar
nosso corpo de suor
e depois
extenuados
vamos nos encher de saudades
e esperar
que hoje
termine e o amanhã chegue sem pressa

JOÃO

João
só espera
a morte chegar

não quer
nada
perdeu a esperança
o amor
a fé

João
não chora
e nem sorri

é planta
sem água
é dor
solidão

sem abraço
sem amigos
sem vida

João
sem Maria
sem filhos
sem ter porque
sem ter razão

enterrado
numa vala
espera apenas
que a morte lhe abrace

mas a morte
não gosta de coitados
não gosta de gente
sem vida

NÃO SOU DE RAIZ

eu não sou
de raiz

não sou de ficar
parado

nunca fiquei estagnado
sempre
amei o sol
a estrada a lua

não gosto
de correntes
de algemas
de nada que me prenda

minhas celas
não tem grades
minha alma
não tem porto

em mim nada
nunca foi seguro

sempre fui vento
ventania
nunca me prendi
nunca me prenderam

sempre fui
errado e torto
mas sempre fui
amante
amado

eu não sou raiz
sou poeta
poesia

TUDO MUDOU

tudo mudou
o amor
o jeito de amar
as paixões
e o jeito de viver

enquanto
isso
eu fiquei parado
olhando pelas frestas
da janela
a vida a sorrir

enquanto
isso
eu vivia
de ilusões
passadas

eu achava que sabia
tudo
e não sabia nada

tudo mudou
eu não sabia
que havia vida fora de mim


há mundos
e sorrisos
há amores e paixões
há muito para conhecer
pessoas
abraços prontos para abraços

tudo mudou
e eu permaneci
enterrado em minhas convicções

enfim
deixei o sol entrar
e a vida acontecer

HOJE

hoje
quero
cometer
todas as loucuras
todos os desatinos

hoje
quero
todos os pecados
quero me perder
me embriagar
escrever

hoje
não quero mais
nada

quero abraçar
meu corpo
cansado

quero
esquecerr
as mazelas
os despropositos

hoje
não estou nem ai
para o que se foi
e para o que virá

hoje
quero amar o amor que sinto
e deixar
para lá
todo desamor

hoje
quero lavar meu carro
lavar meu coração
e deixá-lo secar
no varal
juntos com minhas emoções

hoje
não quero nada
que me remeta ao meu amanhã

AMANHÃ

amanhã
serei outro
meu eu
de hoje
não mais existirá

amanhã
terei novas dores
novos amores
novas necessidades

amanhã
a sede de hoje
terá passado

amanhã
o amor
de hoje
terá morrido

saudade
estará de malas prontas

amanhã
a dor passará

eu escolherei
uma nova estrada
um novo caminho

amanhã
terei um novo rosto
um novo coração
e uma nova história

amanhã
me eu de hoje terá morrido
nada mais restará
tudo serão lembranças

tudo será saudades
amanhã
hoje não


RESSECADO

por dois
me tranquei
em minha casa

não saia
não sabia
como estava o tempo
lá fora

muitas vezes
chovia
muitas vezes
o sol
bateu desesperado em minha porta

muitas vezes
olhei
a corda em meu pescoço

até minha sombra
fugiu
de mim
até meus escuros
e meus demônios
desprezaram meu sentir


eu e minha cruz
eu e o sangue ressecado
eu e minha solidão

por dois anos
não vi ninguém
e meu espelho quebrado
e meu corpo definhando

por dois anos
morri
numa cela sem grandes
coração
batendo fora do peito

e a vida
como flor
que não se rega

TUAS VERDADES

fala
coisas
sem sentido

esmaga sob teus
pés
meu coração

ri
debochada
do que sinto

se vai
batendo a porta
deixa
malas
roupas
e teu coração
ainda em minhas mãos

sei
que não és santa
nem puta
apenas uma qualquer
que negas
quem és de verdade

abraça
tua aliança
e tuas mentiras
fétidas

debochada
insana
cospe tuas verdades
em meu rosto

a saliva
escorre
pelo rosto
e eu a bebo
sem nojo do teu eu

cada parte de ti
me importa

MADRUGADA

vou me embrenhar
nesta madrugada
deixar
minhas roupas
da alma
jogadas em minhas esquinas

vou acender
um cigarro
só para vê-lo queimar
no cinzeiro

vou encher uma taça
de vinho
para vê-lo azedar
sob o tempo

vou morrer
de saudades
dos bons tempos

quantas pessoas
perdidas
quanto tempo perdido
quanta vontade
desperdiçada

ôh amor
já fui menino
sem medo
agora dia a dia
envelhoço
e a sede de viver
aumenta

vou me perder
nesta madrugada
vou beber
deste meu silêncio

ME DESCONHEÇO

cada dia mais
desconheço
já não sou mais
o mesmo
meus olhos
já não querem mais
beleza
meu coração
está farto de amor

meus passos
descompassados
o ritmo
mais lento

a solidão
uma defesa
o sorriso
uma desculpa

já não gosto mais
de tudo
não tinha medo
agora tenho
a dor
dos dias que perdi
dormindo

agora tenho
pois a vida
começa a se esvair

me desconheço
olhando
meu rosto no espelho
minha boca
seca

já não sou o mesmo
nem meu ontem
meu hoje
e meu aman...