29 de jan. de 2017

TEU CORPO

eu quero
sim
inspirar-me
no teu corpo
fazer dele
meu papel
e rabiscar
poesias

eu quero
sim
desejar
ainda que por um
instante
que sejamos um

perdidos
neste caminho
de desejos latentes
sem pressa
sem horas
sem nenhuma fobia

eu quero
escrever
com o suor
que escorre do teu corpo
e deixar
que cada verso
aconteça
assim
em cada breve suspirar

até
que não haja nada mais
de nós

nossos instantes
de desejos
e pecados.

27 de jan. de 2017

TODA FLOR

toda flor
é bela
toda flor
encanta
toda flor
fascina
com seu perfume
sua cor
formato

toda flor
tem seu jardim
tem sua semente
tem um porque

toda flor
é poema
é um grito calado

toda flor
é espetáculo
toda flor
sem cuidado murcha
seca
morre

toda flor
única flor
e tantas flores
por ai
carentes de olhares
verdadeiros
e sentidos
e toques

toda flor

26 de jan. de 2017

FOI

foi
apenas
um sopro
de desejo
que passou
por mim

um pensamento
excuso
uma tentação
de tratei
de enterra
antes que suas raízes
pudessem
tomar conta de mim

foi
apenas
um princípio
de incêndio
uma sandice
um tropeço

foi
o sol nos olhos
a chuva
inesperada
carro passando
por um poça de agua

foi
a vontade
do suícídio
a vontade
da embriaguez
a vontade
de ter você mais uma vez

VULNERAVELMENTE

eu
tão vil
que sou
tão depende
desta beleza tua
me consome

admiro
calado
teus detalhes todos
teu jeito
de respirar
como andas
como vives
como inspiração
em meus dias

eu
tão irracionalmente humano
me perco
nas tuas curvas
no teu sorriso
e no gosto
do teu beijo

eu
tão teu
tão vulnerável
tão asssumidamente
diante
de ti
 

O QUE SINTO

o que sinto
já deixei
de sentir

ficaram
apenas
as sensações
de tudo aquilo
que pouco durou

o estrago
foi pequeno
ainda
que o coração
tenha se partido
em milhares de pedaços

o que sinto

não tem pertence mais
é meu silêncio
que me cura
as feridas

em breve
eu sei
tu serás apenas mais
um vento
como tantos outros ventos

passarás

21 de jan. de 2017

VORACIDADE

queres
brigar
queres
meu silêncio
meu desprezo

queres
minha voracidade

queres
minha cama
minha água
minha sede

queres
beber
da minha boca
tua saliva

queres
meu amor
e minha guerra
meu ciùmes
e minha falta de senso

queres
que te coma
em noite fria
e que sejas teu cobertor

queres
ser meu veneno
e minha cura

meu desamor
meu desalinho
minha vastidão

meu deserto
meu cigarro
minha morte
meu pecado
 

AVESSO

não quero me
refestelar
em teu corpo nu

quero
o que ninguém vê
teu interno
teu avesso
o inverso

teu corpo
saciará meu corpo
isso
é só desejo

quero
teus segredos
tuas mentiras
tuas noites de embriaguez
quero tuas guerras
tua estupidez

teu corpo
é pouco
desejo mais
ter-te por inteira
o que ninguém nunca viu
o que ninguém
jamais
te teve

quero
teu avesso
teu inverso
tua loucura
insensatez

tudo que é teu
que foge
a lógica
a incompreensão
que o amor
jamais conseguirá amar

ESCURIDÃO

sou
a tua escuridão
tua penumbra

sou teu lado B
teu vício
tua dor

o sangue
que escorre
por entre tuas pernas

sou o vil
o mal
e o amor
entre todos

sou
a fenda
que não se abre
a falta
de coragem
e o soluço

eu sou
o largo
o imenso
e teu silêncio

sou tua noite
teu véu
tua poesia

abismo
teu céu

eu sou
tua noite
de insônia
a unha roída
e o sofá rasgado

eu sou
o sol que te desperta
e a ressaca
que te maltrata

entre todos
eu sou
o amor que te ama

20 de jan. de 2017

QUE EU MORRA DE AMOR

que eu
morra de amor

que amor
me dilacere

que o amor
seja minha de morte

que o amor
me consuma

que acabe
com minhas visceras

acabe
com quem sou

coma meu cérebro
e meus instintos
meus medos
e minhas angustias

que o amor
faça de mim
sua capa
o seu sepúlcro

que o amor
me rasgue as roupas
que me faça nú

que o amor
me condene
e faça de mim
seu escravo

ESPELHO

eu
já não me
mais
refletido
no espelho

não sou mais
quem fui
os anos
corroeram
tudo de mim

o que o espelho
reflete
são meus restos
alguns
cacos
ficaram
no caminho

eu
já não me reconheço mais
há tempos
olho
e não me vejo
o espelho
engana
induz ali
silencioso

brinca com minha imagem
ilude minhas mentiras
brinca
como se eu pudesse mudar
em um passe de mágicas

maldito espelho meu

13 de jan. de 2017

POR TUA RUA

passarei
por tua rua
sem pressa

ficarei
ali
à sombra
de uma árvore
até que me vejas

não
esperarei
de vós
qualquer sorriso
nem aceno
e nem afeto

ficarei
alí
até que tudo
se esvaia
e nada sobre
de nós

não quero nada
apenas
olhar-te-ei
sem pressa alguma
depois
partirei
deixando
no vento
palavras que nunca mais
direi

VOU

vou
beber-te
e depois
vomitar-te-ei
sobre
minhas poesias

vou
sugar teus seios
sem pressa
e me perder
nestes teus fetiches

depois
vou te cuspir
nos meus versos
sem sentido
e deixar
que fiques ali
à sombra
de minha alma

vou
rasgar
tuas anáguas
penetrar-te-ei
a pele
e tocar tua alma

depois
deitarei
exausto
sobre teu corpo
suado
e beberei
cada gota do teu amor

amar-te-ei
em noites
sem dono
e far-te-ei
minha
para sempre

DEIXA-ME

deixa-me
imaginar-te
nua em minhas noites
de angústia
onde
a insônia
como verme
me consome

deixa-me
te sentir
nos ponta
dos dedos gélidos
e quase
já sem vida

deixa-me
escrever-te
em minhas poesias
dê cor aos meus papéis
e exalta
meu amor
ainda que louco
por ti

deixa-me
varrer teus cacos
por entre as ruas
por onde passo
e mesmo que me sangre
os pés
terei ainda por ti
algum afetou
ou nada
apenas dor

deixa-me
agora sozinho
com esta insônia
que como verme
me consome