2 de abr. de 2009

NÃO POSSO MAIS*

não posso mais
ficar até tarde
sonhando
não posso mais
ficar até tarde
escrevendo
não posso mais
ficar até tarde
assistindo televisão
nem tomar meu café
requentado
não posso mais
ficar conversando
com as paredes
nem contando as estrelas
minhas pernas doem
minhas costas reclamam
e meus coitados olhos
quase cegos
reclamam
a ausência de luz
não posso mais
andar pela casa
nu
meu corpo não é o mesmo
meus pés ficam gelados
não posso mais
espiar
da varanda
as varandas
e os outros mundos
iguais aos meus
não posso mais
desejar o que é belo
o belo está distorcido
minha mente
não identifica mais
as verdades mudaram
de cor
não posso mais
ficar aqui
divagando
atordoado querendo
o que não tenho mais

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