sou feitoda fuligem
que sai
dos carros
sou feito
de cimento
feito
de asfalto
do pixe que derrete
sob o sol do meio dia
sou urbano
sou da cidade
sou feito
da imagem
que desenham de mim
sou menino
homem
largado no mundo
sem pai
sem mãe
sem ninguém
que abra os braços
sou feito da fome
e do vício
bebo água da chuva
vivo da caridade
plena e absoluta
sou urbano
sou da cidade
feito dos paralelepípedos
soltos
sou menino
homem
sou a lembrança
e o esquecimento
a vida
e a morte
na mesma esquina
sou de aço
de ferro
de cimento armado
Muito forte e maduro esse texto.
ResponderExcluirOutra vez a comparação tão marcante na sua poesia. Concreto, ferro, cidade, pobreza, fome... enfim, em toda essa comparação se lê nas entrelinhas uma história de vida, tão atual.
Linda demais! Adorei!!!