30 de dez. de 2009

CÉTICO*

não queria
que eu tivesse
me transformado
nisso
logo eu que sou poeta
logo eu que vivo
e acredito na força
e no poder das palavras
me vejo agora
morto
cético
sem crer em mais nada
sem ver mais a beleza
que antes eu via em tudo
estou morto
cético
coração gelado
não vejo mais a mesma
graça que eu via
as pessoas agitadas
correndo
animadas
esperando o ano novo
o que há de novo
no ano que vem
os dias são todos sequências
de todos os dias
vamos envelhecendo
perdendo
tempo
e o tempo não para
passa
e nos deixa
cada vez mais alienados
não queria ser assim
não queria me sentir
morto
queria mais vida
mais alegria
queria voltar a sorrir
queria tantas coisas que perdi
a alegria
logo eu
que sou poeta
logo eu que acredito no amor
logo eu que preciso de amor
me sinto morto
cético

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