15 de fev. de 2015

DESFEITA

segurou minha mão para atravessar a rua.
tragou o cigarro e soltou a fumaça em meu rosto.
sentou em meu colo, me deu a boca.
o hálito fedia.
as roupas fediam cigarro.
os cabelos eram negros como a era negra a noite que caia.
não tínhamos nomes.
só desejos.
abriu a blusa me mostrando os seios.
me olhava de um jeito safado.
me pedia absurdos.
queria minhas loucuras, minhas juras.
promessas que eu não podia fazer.
ela queria meus versos, minhas poesias.
eu nada sentia.
não bebia em meu copo aquele momento.
nada nela me absorvia.
a saia curta.
as coxas nuas.
seios ao vento.
beijos.
só beijos.
tatuagens.
inverdades.
ela era paisagem.
eu poeta sem poesia.
não havia emoção.
razão. tudo se perdia.
se esvaziava.
as unhas negras.
o riso pálido.
segurou minha mão para fugir do mundo.
e fugiu e eu fiquei ali.
parado na minha total inércia.
olhando.
esperando ela se desfazer por inteira.

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